Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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30.6.11

E se reflectíssemos sobre as mortes mediáticas?

Todos nós que conduzimos deveríamos saber a responsabilidade que é ter um carro nas mãos. Deveríamos – e até podemos ter -, mas nunca pensamos que o infortúnio nos pode acontecer a qualquer momento. A morte de Angélico Vieira só veio ilustrar esta inconsciência colectiva. Porque, aparentemente, todos os envolvidos no desafortunado acidente têm uma quota parte de responsabilidade: a não utilização de cinto de seguranças, que é uma opção individual; o levar ao máximo a performance de um automóvel que se desconhece; o “empréstimo” de um automóvel, sem acautelar eventuais seguros, talvez porque o condutor é alguém mediático e poderá ser um cartão de visita para futuros negócios; etc.

Todos os pormenores do acidente estão a ser esmiuçados pelos media, que procuram rentabilizar ao máximo a imagem pública do cantor/ator, e muitos outros pormenores e futuras repercussões legais serão igualmente exploradas, impiedosas com o luto familiares dos falecidos.

Há alguns anos, Francisco Adam, outro actor da geração Morangos, também perdia a vida num acidente de viação. Mas será a geração (de espectadores) Morangos capaz de aprender com a morte pública ou serão essas mortes, que provocaram tantas manifestações públicas de pesar, após a euforia, encaradas apenas como a mortes dos seus personagens que conhecem, e sem o real impacto das mortes reais e próximas.

A morte de alguém é sempre pesada. Espero apenas que esta despolete em todos nós uma oportunidade de reflexão, sobretudo para uma geração que nem sempre tem na televisão os melhores modelos ou exemplos.

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