Derrama lágrimas ocasionais ao perceber outros corpos nas suas palavras.
Mas a beleza das palavras surpreende-a sempre, porque a mulher do poeta ama-o por amor à poesia.
A sua dádiva é o lar de alguém que não pretende subjugar as palavras. Ela sabe-se há muito subjugada por elas. Elas são as grandes subjogadoras.
A mulher do poeta acarinha-o puerilmente. Aceita que não haverá outras crianças. Que o poeta apenas tem olhos para as palavras mesmo quando estes se distraem noutros corpos ávidos de palavras, mas sem a sua serenidade.
A mulher do poeta sente o que este não sente, vê o que este não vê.
Mesmo sem o registo do seu corpo, ela sabe que aquelas palavras também são suas.
Só ela sabe a humildade das palavras por interposta pessoa.
Picasso, Mulher que Chora, 1937 |
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