Na vida há a morte de quem amamos, de conhecidos que não fazem parte do nosso círculo interior de afectos, de conhecidos importantes para os nossos objectos de afecto, desconhecidos que nos fazem ponderar sobre as circunstâncias da vida e da morte, e desconhecidos para sempre desconhecidos e indiferentes.
A morte de quem amamos, mesmo quando anunciada, é sempre um choque. Impõe-nos a incapacidade de olhar um horizonte. A vida faz-se circunstancialmente da capacidade de cumprir um dia a pós o outro, entre dor e lágrimas, ou até a sua seca.
Mas a vida continua, apesar de tudo. E um dia saímos para beber um café e sabe bem o vento que sopra e derrama nos cabelos na nossa face. E um dia compramos uma roupa nova. E um dia há uma alegria que suplanta a dor diária. E um dia a ausência não é dor, é saudade desmedida, uma recordação docemente sentida. Porque após o horizonte, há sempre um novo sol e uma nova oportunidade de voltar a sentir, sem deixar de sentir o amor ausente.
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