Para ajudar ao ramalhete, perdi o meu telemóvel. Não é que seja o maior dos inconvenientes, mas, tendo em conta os últimos tempos, só ajudou a desmoralizar-me.
Foi quase impossível não pensar que, além de estar a pagar por todas as asneiras que cometi, estou com um mau olhado.
Racionalmente, sei que a série de outros pequenos azares que me têm ocorrido são fruto da minha desorientação em relação aos problemas maiores. Mas quando o desânimo e a impotência nos cercam, precisamos de algo que nos dê alento e nos mantenha à tona. Então, dei por mim a pesquisar modos de saber se estou ou não sob um mau olhado. O teste mais simples que encontrei reza assim:
Enche um prato branco com água e unta um pouco de azeite no dedo anelar da tua mão direita. Deixa que o azeite goteje sobre a água (deixa cair três gotas) e espera um pouco. Se o azeite flutuar, não te preocupes. Se ele se estender por toda a superfície da água ou se for ao fundo, então tens mau olhado.
O resultado foi: espalhou-se por grande parte da superfície da água.
Não sei qual o comportamento do azeite na água, excepto que não se misturam. Não sei se o tipo e a espessura do azeite têm alguma influência. Não sei, mas a fazer ver pelo resultado, alguém me lançou um mau olhado.
É claro que isto não explica tudo o resto, cuja culpa é inteiramente nossa, mas agora compreendo o fascínio e a atracção que este tipo de explicações têm quando se está em momentos de grande fragilidade. Todos necessitamos de uma luz ao fundo do túnel e buscamo-la onde for possível.
Não acredito em muitas coisas, mas acredito em energias, positivas e negativas. Creio que ao contrário do imans, em que os opostos se atraem, o positivo chama o positivo e o negativo o negativo. Também sempre acreditei no ditado: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. É um ditado de equilíbrio: um aviso, pois tudo tem um fim, e também um sinal de esperança para os momentos difíceis. Tal como sempre acreditei que tudo na vida tem aspectos positivos e negativos, seja o bom, seja o mau.
Neste momento, está-me a ser difícil ver o positivo, quando todos os dias parecem ser bombardeados de notícias que variam entre as más e as menos boas. Por isso, cedi à necessidade de uma esperança, de um alívio, e dei por mim à procura de explicações exteriores a mim.
Era bom que fosse tão simples…
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