Visto em Cinema. Sex. Politics.
30.11.09
29.11.09
28.11.09
27.11.09
Governar sem dinheiro
A minha mãe costumava dizer: sem dinheiro ninguém se governa. Há também o ditado popular: em casa em que não há dinheiro, todos ralham e ninguém tem razão.
Um dos problemas de muitos dos municípios nacionais é a sua gradual redução orçamental nos últimos anos.
O orçamento sintrense para 2010 apresenta também uma redução em relação ao ano que agora finda. Este valor engloba ainda o valor dos compromisso assumidos este ano e que por algum motivo não foram pagos. Para alguns departamentos e/ou divisões isto representa uma redução severa. Assim, a questão que se coloca é: como gerir uma instituição, divisão ou departamento cuja acção está seriamente condicionada.
Sem dinheiro para investir em novas actividades ou acções e limitando as já existentes, como oferecer aos munícipes programas e/ou actividades do seu interesse? Como fazer perceber aos munícipes estas limitações? Como fazer perceber as prioridades das Grandes Opções do Plano, isto é, o programa de governo municipal para o próximo ano?
Até como funcionária, esta é uma situação complexa. Por muito que nos sejam solicitadas sugestões de actividades e nos esforcemos por idealiza-las, a custo quase zero é uma tarefa complexa. Porque, entre a imagem e o serviço que o município quer prestar junto do seu público e o custo disposto a realizar, há uma diferença abismal.
Fazer mais como menos é uma boa intenção, exequível até certo ponto. Porque, na maioria das vezes, é apenas uma falácia. Como diz a sabedoria popular: não se fazem omeletas sem ovos. Ou seja, não há milagres.
Assim, resta esperar que as prioridades políticas sejam realmente prioridades municipais e que o dinheiro disponível seja empregue nas medidas necessárias que sirvam os munícipes em geral e não apenas a alguns em particular.
26.11.09
Massacre nas Filipinas
Quando em Portugal se fala de asfixia democrática, o facto assume quase o tom de brincadeira de crianças quando nos chegam notícias do massacre de 57 pessoas nas Filipinas.
O facto e as imagens parecem saídos de um filme de terror e quedamo-nos incrédulos com tal grau de violência e crueldade. Mas estas não são mortes ficcionadas, são a prova do quão baixo pode ser o ser humano.
Quando falamos de ameaças terroristas, oriundas de teorias da conspiração, estas deixam de ter impacto perante o verdadeiro acto de terror que foi cometido. O terror das vítimas que pereceram e o terror dos familiares e amigos.
Sempre respeitei a democracia e a liberdade de expressão, que sempre me foram dados como um direito e um estado natural. Também sempre me fez confusão quem menospreza esse direito, porque é de conhecimento geral que nem todos podem usufruir deste direito, e lamento tantos desrespeitos que vejo.
Perante tal atrocidade, sinto-me pequenina enquanto ser humano. Sinto-me também abençoada por viver quando e onde vivo.
25.11.09
Uma história da leitura, A. Manguel
Como o próprio indica, esta não é a história da leitura, mas uma história da leitura a partir de uma visão pessoal, sempre devidamente justificada e documentada.
O grande contributo desta obra é pontuar os aspectos históricos, relacionados com a evolução de hábitos e perspectivas sobre a leitura, com perspectivas pessoais de quem testemunhou os seus efeitos, sejam eles reconhecidas personalidades ou personagens que o tempo não registou.
Pautada por saltos cronológicos, enfatizando os efeitos e impactos, mais do que as datas concretas, a estrutura enfatiza também ela a noção de que, em última análise, a leitura é sempre pessoal, daí que não faça sentido senão uma história da leitura.
24.11.09
O Assobiador, Ondjaki
Numa pequena aldeia fluvial, chega um dia um desconhecido com a inaudita capacidade de com o seu assobiar levar os seus ouvintes a um estranho êxtase. Dotado de tão simples dom, mas com um poder quase divino, consegue, em poucos dias, causar uma transformação nos habitantes da pequena aldeia: o coveiro, o padre, dona mamã, o caixeiro-viajante, entre outros.
23.11.09
XIV Mostra de Arte de Professores e Educadores do Concelho de Sintra
A Galeria Municipal de Sintra promove regularmente a mostra de trabalhos de artistas locais, alguns deles ainda sem renome.
A exposição patente até dia 25 reúne trabalhos de mais de 40 professores, sobretudo na área da pintura. Com tanta diversidade – e sem um tema em comum – é possível observar as mais variadas técnicas – óleo, acrílico, colagem – e temas, desde as clássicas flores, até outros mais abstractos. Seja como for, foi uma agradável surpresa observar a qualidade técnica e conceptual de muitos dos trabalhos.
22.11.09
orientação
A minha experiência escotista tem sido um proveitoso aprendizado nas mais variadas áreas. Penso por vezes o quão proveitoso me teria sido aderi ao movimento na adolescência. Mas nunca é tarde para aprendermos seja o que for.
O mais recente aprendizado foi na área da orientação. Foi um dia de teoria e exercício de cálculo. Agora, só espero a oportunidade de colocar em prática as novas noções. Pode ser que, finalmente, me oriente.
21.11.09
Testamento Vital
Ponderar hoje o que seria o meu testamento vital é obrigar-me a dar materialidade à morte. E aos 33 ninguém está preparado para enfrentar a sua morte. Por outro lado, quando se tem uma tradição familiar de cancro, a morte é sempre um fantasma presente. Mas há sempre uma diferença entre essa presença difusa e o que será a nossa morte concreta.
Então, hoje, num estado saudável, em caso de acidente, sou a favor de métodos de reanimação. Se eventualmente entrar em morte cerebral, os meus órgão são para doação. A mim já nada fazem, que sejam uma nova oportunidade para quem deles precise.
Se daqui a uns anos o cancro for uma realidade, tentarei combate-lo com o máximo das minhas forças. Quanto este entrar numa fase terminal[1], quero passa-la com a maior dignidade possível: sem tratamentos supérfluos e debilitantes e recorrendo a cuidados paliativos.
[1] De todas as pessoas que conheci com cancro, ninguém lhe sobreviveu. Considero que é uma guerra que nunca se vence, apenas se ganham batalhas.
20.11.09
palavras #197 a 199
Enxovia - s. f. Parte térrea ou lajeada da prisão, rente com a rua, ou abaixo do seu nível.
Lura - (talvez do latim lura, -ae, boca de saco de couro). s. f. 1. Toca de certos animais, especialmente de coelho ou lebre. = covil 2. Buraco na terra. = cova 3. Artefacto de barro para criação de coelhos.
Pua - s. f. 1. Espigão, bico, ponta aguçada. 2. Aguilhão, ferrão. 3. Espinho. 4. Parte da espora que entra no buraco do tacão. 5. Extremidade da verruma e de alguns outros instrumentos. 6. Nome de um instrumento que serve para furar. 7. Intervalo entre os dentes do pente do tear. arco de pua: instrumento de carpinteiro para abrir furos.
19.11.09
Apuramento para o Mundial 2010
A verdade é que há uns meses atrás pensei que a tarefa fosse impossível, mas estou contente por me ter enganado.
18.11.09
Associativismo Local
Hoje, assisti a um Seminário sobre Associativismo Local, promovido pelos Serviços Desconcentrados do IPJ – Instituto Português da Juventude.
Dos vários temas abordados, foi interessante perceber: o modo como certas associações de suposto carácter não lucrativo funcionam como verdadeiras empresas; as diferentes realidades no que diz respeito a apoios municipais; as dificuldades causadas pelos requisitos burocráticos dos apoios, sejam estatais ou municipais; o valor e empenho de certos indivíduos e instituições; a importância do trabalho em rede, mas que raras vezes consegue ser implementado.
17.11.09
Em português nos entendemos
Ontem, duas notícias chamaram-me a atenção: a atribuição ao português Arnaldo Saraiva de uma das Cadeiras da Academia Brasileira de Letras; e o aumento do ensino do português na Estremadura espanhola.
Estas duas notícias evidenciam duas situações paradoxais: a importância e potencialidade do português como língua de comunicação internacional; e a ineficácia das entidades portuguesas competentes na sua respectiva promoção.
A promoção do português no estrangeiro tem tido uma actuação falhada e é simultaneamente com gosto e tristeza que vemos outros países ter papéis mais activos nesta área. O Brasil, com uma comunidade superior a 40 milhões de falantes, tem sido o grande operário desta promoção. Dai que não seja de estranhar que, por exemplo as últimas edições de prémios como o Leya o PT tenham sido ganhas por autores desta nacionalidade. Também não será de estranhar a existência no Brasil deum Museu dedicado à língua portuguesa (e que o nosso ainda anda à toa).
Agora é a vez dos espanhóis salientarem a importância do português como língua franca, pois constatam o aumento do número de trabalhadores português no país (p. ex. a construção pública emprega mais de 3000), bem como a procura de serviços de saúde e de comércio.
16.11.09
15.11.09
Reinventar Carl Sagan
A minha geração conheceu alguns dos segredos do universo através da locução de Eládio Clímaco, que dava voz à narração de Carla Sagan.
Para mim assistir aos seus programas significava muito simplesmente imaginar. Imaginar mundos, conceitos, seres.
Para relembrar o seu trabalho, aqui fica um video que comemora o que seria o seu 75º aniversário.
o céu chama-nos
Acredito que o futuro depende profundamente
Mas o cérebro faz muito mais do que lembrar
Gera abstrações
desde o big bang aos buracos negros
a superficie da terra é a costa do oceano cósmico
Para mim assistir aos seus programas significava muito simplesmente imaginar. Imaginar mundos, conceitos, seres.
Para relembrar o seu trabalho, aqui fica um video que comemora o que seria o seu 75º aniversário.
[Sagan]
Se quiseres fazer uma tarte de mação desde o início
Primeiro tens de inventar o universo
O espaço é preenchido com uma rede de buracos de verme
Podes emergir num qualquer outro lugar no espaço
Num outro tempo qualquer
o céu chama-nos
senão nos destruirmos
um dia aventuraremo-nos pelas estrelas
aguardamos uma madrugada ainda mais gloriosa
aguardamos uma madrugada ainda mais gloriosa
não um nascer de sol, mas o despertar de uma galáxia
uma manhã com 400 biliões de sóis
o despertar da via láctea
o cosmos transborda de verdades elegantes
de extraordinárias relações
de fantásticas máquinas da natureza
Acredito que o futuro depende profundamente
Do quão bem compreendermos este cosmos
No qual flutuamos como um grão de poeira
No céu matinal
Mas o cérebro faz muito mais do que lembrar
Compara, sintetiza, analiza
O pensamento mais simples como o conceito de número um
Possui uma elaborada lógica subjacente
O cérebro tem a sua própria linguagem
Para testar a estrutura e a consistência do mundo
[Hawking]
Durante milhares de anos
Durante milhares de anos
As pessoas têm deambulado pelo universo
Terá dilatado para sempre
Ou teve um limite
desde o big bang aos buracos negros
da materia negra a um possível esmagamento
a nossa imagem do universo hoje
está repleta de ideas extraordinárias
[Sagan}
quão afortunados somos por viver agora
quão afortunados somos por viver agora
o primeiro momento na história humana
em que de facto visitamos outros mundos
a superficie da terra é a costa do oceano cósmico
ainda agora nos aventuramos
e a água parece convidativa.
13.11.09
Antologia de Contos, Mª Teresa Horta
12.11.09
11.11.09
diálogo friorento
- hoje, demorei mais de 20 minutos no duche.
- E?
- Não é normal. Demoro, quando muito, cinco minutos.
- Isso não é um banho, é passar o corpo por água.
- É tempo mais que suficiente para lavar o cabelo e o corpo. Não ando a cavar terra para andar imunda.
- Então, demoraste 20 minutos. qual é o problema? Estava a saber-te bem e aproveitaste.
- O problema é que no meio do duche finalmente percebi porque é que também ando a dormir tanto e porque é que quando chego a casa visto quase logo o roupão.
- Andas cansada, precisas de relaxar.
- Não, não é isso. É pior. É porque não tenho calor na minha vida. Por isso recorro ao calor do duche, da cama, do roupão. Para sentir calor. Para me sentir aconchegada, reconfortada.
- És friorenta. Não é nada demais.
- Não, não sou friorenta. Sou sozinha, sabes há quanto tempo ninguém me abraça? Eu já nem me lembro quando foi a última vez.
- Tadinha. Precisas de um abraço. Anda cá que isso resolve-se.
- Desculpa, mas não se resolve com os teus abraços, por mais bem intencionados que sejam, apesar de ajudar sempre. Obrigada. Sinto falta de um abraço a meio da noite, tem de ser o calor de um corpo ao meu lado no sofá em silêncio ou a partilhar os acontecimentos do dia. Tem de ser uma mão a ajeitar-me os caracóis e a acariciar-me o pescoço.
- Compreendo. Realmente esse calor não te posso dar lamento.
- Também eu. Infelizmente, a conta da água este mês vai ser grande.
10.11.09
O Efeito Dominó
Por mais que tente, não consigo ter uma memória precisa de "onde é que estava" aquando da queda do Muro de Berlim. Tenho noção de notícias e reportagens televisivas posteriores, de falar sobre o assunto na disciplina de História e do posterior concerto de Roger Waters - que foi para mim uma revelação.
Hoje, ao ver imagens do derrube do dominó gigante que assinala o 20º aniversário da queda do muro, não posso deixar de considerar esta inicitativa de uma simplicidade e simbologia atrozes.
Hoje, ao ver imagens do derrube do dominó gigante que assinala o 20º aniversário da queda do muro, não posso deixar de considerar esta inicitativa de uma simplicidade e simbologia atrozes.
8.11.09
Joelho, Maria Teresa Horta
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.
7.11.09
Só de amor, Mª Teresa Horta
Este foi o meu primeiro contacto com a obra da autora. Este livro de poesia apresenta em três “actos” a relação de mulher contemporânea com o amor.
A voz poética é a da mulher que ama livremente (sem sombra de pecado ou culpa) e que se entrega por completo na expressão física desse amor. A mulher que é parceira activa no jogo da sensualidade, do desejo e da sedução.
6.11.09
Marnie
Em 1964, Alfred ^Hitchcock realizou este Marnie, interpretado por Sean Connery e Tippi Heddren. É um thriller psicológico em, como noutros filmes do realizador, as personagens são muito mais do que aparentam e ao longo da trama ficamos a conhecer novas e mais densas camadas. Não é o mais bem conseguido dos seus filmes – há algo na relação dos dois protagonistas que simplesmente não cola -, mas vale a pena pela abordagem dramática e psicológica da personagem título.
5.11.09
opinião política
Normalmente não escrevo sobre política, sobretudo porque considero que não domino o assunto o suficiente para ter uma opinião devidamente fundamentada. Outro factor para o silêncio é o facto de trabalhar num município e procurar ter uma posição neutra sobre determinada matérias.
No entanto, tenho uma opinião (mesmo que eventualmente errada) sobre determinados assuntos e considero que chegou o momento de a expor de um modo mais frequente. Será um exercício benéfico pois obrigar-me-á a um olhar mais atento sobre acontecimentos, sejam locais, nacionais ou internacionais.
No entanto, tenho uma opinião (mesmo que eventualmente errada) sobre determinados assuntos e considero que chegou o momento de a expor de um modo mais frequente. Será um exercício benéfico pois obrigar-me-á a um olhar mais atento sobre acontecimentos, sejam locais, nacionais ou internacionais.
4.11.09
Sobre o casamento homossexual
Um dos temas da agenda política é o do casamento homossexual, que ainda não se sabe se a respectiva legalização será votada a nível parlamentar ou se será sujeita a referendo. Embora considere que seja mais fácil a sua aprovação por via parlamentar, pois considero que a sociedade no seu geral ainda é bastante conservadora, no entanto, não esqueço que há tempos o PS utilizou a disciplina de voto partidária para chumbar a proposta.
Creio que mais tarde ou mais cedo, o casamento será legalizado. É uma tendência mundial: um pouco por todo o mundo vão surgundo, quase diariamente, notícias sobre a sua legalização. Caso por cá se opte pelo referendo, o meu voto será sim.
É claro que o complexo desta questão não é o casamento propriamente dito. O complexo são as alterações legislativas que posteriormente serão necessárias efectuar, nomeadamente em leis como a da adopção. Também nesse assunto sou a favor do alargamento da adopção. Sempre defendi que é preferível uma criança ser amada e educada por dois “pais” do mesmo sexo, do que passar uma infância aos cuidados de uma instituição, por muito boa que ela seja. É isso que considero o real interesse da criança.
3.11.09
2.11.09
Palavras #194 a 196
Guipura - s. f. Renda muito fina de linho ou seda.
Estamenha - s. f. Tecido grosseiro de lã.
Cassa - s. f. Tecido transparente de linho ou algodão.
1.11.09
a filha do vidreiro
Exactamente como dizias
A vida é-me
Quase sempre fácil
E assim é
A pequena história
Sem amor, sem glória
Sem heróis nos céus
Não consigo desviar o meu olhar de ti
Não consigo desviar o meu olhar
E assim é
Exactamente como dizias
ambos esqueceremos a brisa
quase sempre
e assim é
a água fria
a filha do vidreiro
a rapariga em negação
Disse que te abomino?
Disse que quero
Deixar tudo para trás?
Não consigo esquecer-te
Não consigo esquecer
Esquecer, esquecer
Até encontrar alguém novoThe Blower's Daughter, Damien Rice
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