Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.1.09

Livraria Trama

A livraria Trama foi o palco escolhido para mais uma animada tertúlia BBDE. Falou-se muito de livros, de filmes, de coçar e outros verbos de cariz mais sexual. Fez-me muito barulho, com gargalhadas à mistura, mas ninguém foi expulso.

Esta livraria é um espaço bastante agradável e acolhedor, pois permite deambular calmamente sem constantes interrupções de funcionários. Oferece uma programação que engloba clube de leitura, concertos, lançamentos de livros, entre outros. Como não é um espaço de grandes dimensões, cria um ambiente quase familiar de sala de estar.

28.1.09

Sabedorias

A leitura torna o homem completo;

a conversação torna-o ágil,

e o escrever dá-lhe precisão.

Sir Francis Bacon

27.1.09

cidade de luzes ofuscantes

Quanto mais vês menos sabes
Menos descobres enquanto segues

Sabia muito mais do que sei agora

Olhos que brilham com corações de néon
Uma cidade acesa por pirilampos
Anunciam nos céus

Para pessoas como nós

Sinto a tua falta quando não estás
Estou a preparar-me para deixar o chão

Oh, está tão Linda esta noite
Na cidade de luzes ofuscantes

Não vejas antes de rir
Parece feia a fotografia
Olhos roxos do flash
A câmara não vê

vi-te andar destemida
vi-te nas roupas que fizeste
consegues ver a beleza em mim?
Que aconteceu à beleza em mim?

tempo… tempo… tempo… tempo… tempo
Não me deixará como estou
Mas o tempo não tirará o rapaz deste homem

quanto mais sabes menos sentes
Alguns rezam para outros roubarem
As bênçãos não são apenas para os que se ajoelham… felizmente

City Of Blinding Lights, U2

25.1.09

Vicky Christina Barcelona

Woody Allen brinda-nos com uma divertida comédia, em que se misturam sentimentos. Relações amorosas, aspirações e frustrações. Ou seja, mais do mesmo no universo alleniano, em que as relações, especialmente amorosas, são analisadas pelas suas vertentes mais ridículas e irónicas.
Desta feita, a acção ocorre em Barcelona. No entanto, poderia ocorrer em qualquer outra cidade espanhola, mas não for a do mundo hispânico, ou correr-se-ia o risco de se perder algumas das piadas. Mas quem está à espera de (re)conhecer a cidade na tela, ficará desiludido, pois são-nos apenas apresentados alguns cartões postais gaudianos.

24.1.09

Orgias, L. F. Veríssimo

Aprecio bastante a escrita de Veríssimo, pois possui um registo humorístico com que me identifico e que reconheço em muito poucos. Já são alguns os livros que li deste autor, sobretudo colectâneas das crónicas que vai assinando em várias publicações do outro e deste lado do Atlântico. Algumas dessas crónicas estão a ser editadas em Portugal em volumes temáticos, como: sexo na Cabeça, Mesa Voadora ou As Mentiras que os Homens Contam.
Desta feita comprei este Orgias. Mas se esperam uma descrição de devaneios sexuais, ficarão desapontados, porque o que temos é algumas boas tiradas sobre os equívocos que rodeiam as relações entre homens e mulheres. Sendo, é claro, engraçado, considero que não é a melhor das colectâneas. Prefiro as Mentiras que os Homens contam e que, finalmente, nos elucida sobre tal facto. Seja como for, é um autor que recomendo a quem quiser dar umas gargalhadas à conta dos ridículos das relações humanas.

23.1.09

confissão de orfeu

às vezes preciso de ler
às vezes preciso de escrever
nem sempre é certo o que preciso
mas é sempre certo que preciso

de uma luz onde chegar
de uma certeza que me suporte
de um porto onde voltar

às vezes confundo-me
baralho-me no caminho
sigo vias que não são minhas

dirijo-me ao porto
afasto-me da luz
enquanto procuro certezas

falta-me o passo corajoso
de seguir a luz almejada
que ofusca e exige fé

mas a minha fé não é certa
a minha fé dúvida
duvido até se tenho fé
na luz

mas sobretudo em mim
Adelaide Bernardo

22.1.09

Diálogo significativo

- acho que devíamos sair com outras pessoas.
- isso significa o que estou a pensar ou significa que queres alargar o nosso grupo de amigos?
- o que é que estás a pensar?
- primeiro, penso que não sou idiota para merecer essa pergunta. Depois, penso que significa o mesmo que significa nos filmes.
- pois…
- pois? Vá, continua. Mereço mais do que um pois. Muito mais.
- claro que mereces, não é isso que está em causa.
- realmente não é. O que está em causa é que a nossa relação já não te satisfaz.
- não é isso.
- se não é isso, é o quê? E, por favor, não me venhas com o: não és tu, sou eu. Não me convence. Nunca me convenceu. Nem nos filmes.
- é uma desculpa lamechas, é verdade. Mas e se a culpa for realmente minha? Não há outra maneira de o dizer, pois não?
- talvez não haja muita volta a dar na gramática. Mas há com certeza muitas opções a seguir e somos os dois suficientemente inteligentes para saber que não será ver outras pessoas que vai resolver qualquer problema que tenhamos. E é isso que me ofende, que me tomes por uma pessoa crédula e ingénua.
- preferes que acabe tudo aqui e agora, mesmo sem saber se é isso que quero?
- não. Quero que me digas com sinceridade que o nosso nós já não te satisfaz. Prefiro até o cliché de precisares de um tempo. Às vezes precisamos mesmo de tempo para nos ouvirmos no meio de tudo o que é a nossa vida. Mas não acredito que terceiras pessoas vão resolver seja o que for. O que farão é alargar ainda mais a distância que sentimos e alarga-la de tal modo que depois já não há volta a dar. E eu acredito que ainda estamos muito próximos para percorrer essa distância e não estou na disposição de a aumentar.
- tens mais coragem do que eu.
- coragem?
- às vezes os pequenos passos são os mais difíceis.
- eu sei.
- claro que sabes. É uma das coisas que simultaneamente me atrai e me amedronta em ti: as tuas certezas.
- nem sempre tenho certezas.
- tens mais do que eu. Isso é bom. Sabes o que queres e lutas por isso.
- tento, sim. Isso, sim.
- acreditas em nós? Ainda acreditas em nós?
- sim, acredito.
- pode não parecer, mas também acredito. Tenho dúvidas, receio, mas acredito. Ajudas-me a ultrapassa-las?
- vou fazer o meu melhor por isso. Só preciso é que, sempre que tiveres dúvidas e medo, venhas ter comigo. Tal como espero poder contar contigo quando sentir medo e insegurança. É contigo que quero estar.
- não sei se vou estar à altura.
- acredito em ti.
- bem, então está decidido.
- decidido?
- não saídas com outras pessoas para ninguém.

21.1.09

É talvez muito cedo para tais afirmações, ainda por cima após o interlúdio natalício, mas preciso duma pausa. Não é normal estar tão estafada logo no início da semana. E ainda a procissão vai no adro…

20.1.09

Cântico de louvor para percorrer essa luz.

cada dia seguimos a nossa labuta
passando uns pelos outros, olhando os seus
olhos ou não, quase a falar, ou não.

Tudo em redor de nós é ruído. Tudo em nós é
Barulho e confusão, rasgado e difuso, cada
Um dos nossos antepassados nas nossas línguas.

Alguém está a coser uma bainha, remendando
Um buraco no uniforme, remendando um pneu
Reparando o que necessita de reparo.

Alguém, tenta fazer música algures,
Com duas colheres de pau numa lata de conserva,
Com violoncelo, caixa de ressonância, harmónica, voz.

Uma mulher e o filho esperam pelo autocarro.
Um agricultor observa as mudanças no céu.
Um professor diz, peguem nos papéis.
Começem.

Encontramo-nos em palavras, palavras
Rápidas ou suaves, sussurradas ou declamadas,
Palavras a considerar, a reconsiderar.

Cruzamos estradas poeirentas e auto-estradas que marcam
A vontade de alguém e de outros que dizem
Preciso ver o que está no outro lado.

Sei que há algo melhor ao longo do caminho.
Precisamos encontrar um lugar seguro.
Caminhamos para aquilo que ainda não conseguimos ver.

É simples: muitos morreram por este dia.
Cantai o nome dos mortos que nos trouxeram aqui,
Que lançaram os trilhos, que ergueram as pontes,

apanharam o algodão e os vegetais, construíram
Tijolo a tijolo os brilhantes edifícios
Que depois limparam dentro e fora.

Cântico de louvor pela luta, cântico de louvor pelo dia.
Cântico de louvor por cada letra escrita à mão,
A sua decifração nas mesas de cozinha.

Alguns vivem pelo amor ao próximo
Outros não atiram a primeira pedra nem suportam mais
Do que o necessário. E se a palavra maior for amor?

Amor mais que marital, filial, nacional,
Amor que emite um vasto facho de luz,
Amor sem necessidade de dor.

No brilho afinado de hoje, este ar de Inverno,
Qualquer coisa pode ser feita, qualquer frase começada.
à beira, à margem, ao início;

Cântico de louvor para percorrer essa luz.

praise song for walking forward in that light, Elizabeth Alexander,
lido na tomada de posse de Barack Obama.

19.1.09

the Bridget within

A propósito disto, relembrei outras palavras, das quais saliento:
O que é ser-se Bridget Jones? É sentir que só metemos os pés pelas mãos, que a nossa vida profissional não anda nem desanda, que a idade passa e que as nossas expectativas não se concretizaram, ter a família a melgar que ainda não casámos, ainda não ter encontrado alguém especial, sentir a insegurança tão própria das mulheres em relação ao seu corpo e às suas capacidades. Bridget Jones é a personificação da mulher actual.

18.1.09

Palavras #134 a 136

Clematite - do Gr. Klematítis. s. f., Bot., planta trepadeira ranunculácea.

Arnica - do Lat. ptarnica <>ptarniké, planta que faz espirrar. s. f., Bot., planta herbácea, da família das compostas, utilizada para fins medicinais e farmacêuticos (tintura de arnica) e em tinturaria.

Beladona - do It. bella donna, bela mulher. s. f., Bot., planta medicinal da família das solanáceas, bastante venenosa, cujos alcalóides têm emprego medicinal.

17.1.09

permanência

que será feito das memórias
que só eu lembro,
quando a matéria mãe reclamar
em que brilho de orvalho
permanecerão os desejos
apenas sentidos por mim,
em que troar de pássaro
ressoarão as palavras
sussurradas nas noites
de prazer infindo,
que poeira assinalará
a minha presença num universo
demasiado grande para apenas
uma pessoa
Adelaide Bernardo

16.1.09

Lá diz o ditado que quem cala consente, porque pelos vistos há quem não perceba que o meu silêncio significa que não gosto de alimentar conversas de índole escatológica.

Considero que há assuntos que só interessam aos próprios.

13.1.09

desejo que estivesses aqui

Então, julgas saber distinguir
O Céu do Inferno,
Céus azuis de dor.
Sabes distinguir um campo verde
De um carril de aço frio?
Um sorriso de um véu?
Julgas que sabes distinguir?

conseguiram que trocasses
Os teus heróis por fantasmas?
Cinzas em brasa por árvores?
Ar quente por uma brisa fresca?
Trocaste
Um passeio pela guerra
Por um papel principal numa gaiola?

Como desejo, como desejo que estivesses aqui
Somos apenas duas almas perdidas
A nadar numa aquário redondo;
Ano após ano,
A pisar o mesmo chão.
Encontrámos
Os mesmos medos de outrora.
Desejo que estivesses aqui.

Wish you were here, Pink Floyd

12.1.09

cidade dos livros

11.1.09

Diálogo inconsequente

- que me querias dizer?

- queria saber novidades.

- não há.

- nenhuma?

- assim que me lembre, não.

- é impossível.

- talvez seja improvável, mas não impossível.

- estás de mau humor.

- não. Não estou é com humor para este tipo de conversa.

- que tipo de conversa?

- conversa da treta.

- bem, desculpa lá. não te incomodo mais.

- não incomodas.

- incomodo, sim. E se não precisas de conversas da treta eu também não tenho paciência para este tipo de conversa.

- da treta?

- não, estúpidas.

10.1.09

Sabedorias

Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
Gabriel Garcia Márquez

9.1.09

- Reflexões sobre animação à leitura -

por Paulo Lages

No livro Ser ou Não Ser Arte, António José Saraiva tece várias considerações sobre a arte, tendo como objecto de análise a literatura. Das várias ilações apresentadas, salienta-se

“ ... o essencial de uma obra artística é ela ser comunicativa, ..., é ela desencadear no seu leitor, ..., um processo que é também activo e criador. Para o artista, a obra criada é um momento de condensação e de consumação da actividade criadora; para o destinatário ... é o começo de uma nova actividade.”[1]

Ou seja, o autor defende que a arte, seja sob a forma de literatura ou não, é sempre um ponto de partida, pois “da arte sabemos só que não volta ao príncipio.”[2]

Na sua apresentação sobre Animação à Leitura, Paulo Lages apresentou a seguinte proposta de definição: “actividade de carácter lúdico com o objectivo de criar, com recurso a meios expressivos, um contexto original que suscite, favoreça e adeque a leitura partilhada de uma obra.”

Ou seja, obriga-nos a repensar o modo como encaramos a literatura, que deixa de ser um ponto de partida e se torna o objectivo a alcançar, o ponto de chegada. Isto coloca-nos a questão: como chegar a uma obra? Ou, melhor, que estratégias desenvolver para levar alguém a uma obra? Mas estas não são as únicas questões que a animação à leitura induz. A animação, enquanto parte do objectivo mais vasto de promoção à leitura, suscita ainda outras questões: Será suficiente apenas apenas sugerir leituras? Será necessário dotar o leitores de novas competências?

A promoção à leitura não apresenta fórmulas estanques de leitura, pois “não há uma única forma de ler bem,...”[3] Aliás, o objectivo da promoção à leitura é suscitar o prazer ou a curiosidade da leitura e consciencializar o interlucotor que a leitura é para “ponderar e reflectir.”[4] Assim, como salienta Paulo Lages, suscitar a leitura passa por preparar um espaço e conquistar tempo para a mesma.

Na sua apresentação, Paulo Lages revelou algumas das suas técnicas desenvolvidas neste âmbito, o que foi bastante relevante. Mas mais relevante ainda, foi consciencializar para necessária mudança de prespectiva em relação há literatura quando se desenvolver alguma acção nesta área: há que chegar a ela e não apenas partir dela.



[1] SARAIVA, António José. Ser ou não ser arte. Estudos e Ensaios de metaliteratura. Lisboa: Edições Europa-América, 1974. (p. 167)

[2] Idem. (p.172)

[3] BLOOM, Harold. Como ler e Porquê. Lisboa: Editorial Caminho, 2001. (p.15)

[4] Idem. (p.20)

8.1.09

6 Billion Others


Da autoria de Yann-Arthus Bertrand, este projecto visa criar um retrato humano dos habitantes deste nosso planeta Terra. O objectivo é dar a conhecer a individualidade e universalidade dos habitantes das mais variadas origens geográficas, sociais, económicas e religiosas. Para tal, realizaram-se mais de 6000 entrevistas, em 65 países, das quais resultaram mais de 4500 horas de registos audiovisuais. As entrevistas abordam temas e valores transversais a todos os seres humanos, como: família, amor, felicidade, expectativas, momentos marcantes, aspirações, etc.

O resultado deste projecto está disponível em www.6billionothers.org e surpreende-nos de várias maneiras. Torna-nos conscientes de como valores que temos como adquiridos são relativos para outras sociedades e indivíduos, em que vivência significa apenas sobrevivência, e faz-nos igualmente ponderar sobre alguns dos nossos valores.

É obrigatório visitar este site e ouvir os testemunhos disponíveis.

7.1.09

A soma dos dias, I. Allende

O meu primeiro contacto com o trabalho de Isabel Allende, e que se deu em dois tempos, foi através do incontornável A Casa dos Espíritos. Num primeiro, iniciei a leitura mas não passei das primeiras páginas. Cerca de um, dois anos depois, li-o de fio a pavio e gostei bastante. Se a memória não me falha, foi o meu primeiro contacto com o realismo fantástico sul-americano, que me cativa pelo modo como mescla crenças pagãs, fervosidade religiosas e a descrição realista de ambiências e realidades.

Há cerca de 4 anos, li o Bosque dos Pigmeus. Considerei alguns elementos interessantes, mas no geral transmitiu-me uma ambiência demasiado pueril, que atribui ao facto dos protagonistas serem adolescentes. Através desta Soma… descobri que realmente o livro foi concebido para um público juvenil, o que me leva a constatar que as minhas capacidades de análise literária são aceitáveis.

Esta soma … é um relato autobiográfico que segue o período posterior ao relato de Paula, livro igualmente autobiográfico em que Allende regista a experiência familiar em redor da doença e morte da filha Paula.

Para além do relato de alguns acontecimentos familiares que nos permitem perceber diversas dinâmicas e realidades pessoais, é interessantes perceber as técnicas de construção literária da autora. Allende relata como chegou aos temas históricos abordados na sua obra, o modo como algumas personagens foram construídos, o modo como lida com a adaptação cinematográfica da sua obra, e também como se efectua a promoção de marketing da mesma.

Foi igualmente interessante perceber que tinha lido o livro O Plano Infinito , do qual já não tinha qualquer recordação, mas que, ao longo dos capítulos em que a sua concepção e elaboração é abordada, fui gradualmente resgatando dos baús da memória.

Foi talvez o que mais me marcou nesta leitura, porque nunca me tinha apercebido do completo esquecimento de um livro. Com filmes já me tinha acontecido, mas com livros não e fez-me pensar que outros livros poderei ter obliterado da memória e se alguma vez ela emergirá.

6.1.09

workshop semântico alheio

As letras podem ser únicas: DNA
Podem ser sóbrias: AA
As letras podem ter conteúdo: ETC
Podem dar prazer: G
As letras podem ser um parâmetro: QI
Podem ter muito peso: KG
As letras podem ser alucinantes: LSD
Podem ser profundas: OM
As letras sempre têm algo mais a dizer: PS
Podem ser implacáveis: RIP
As letras podem ser de grande ajuda: SOS
Podem ser explosivas: TNT
As letras podem te marcar por toda a vida: HIV
Podem ser um alívio: WC
Podem significar infinitas coisas: N
As letras podem causar delírio de grandeza: XL
Podem ser muito explícitas: XXX
As letras podem ter um bom final: Z

Tirado daqui.

5.1.09

Jane Eyre

A RTP2 emitiu pela segunda vez esta série baseada na obra homónima de Charlotte Brontë. Este foi o meu primeiro contacto com a obra desta autora. Das irmãs Brontë tinha apenas lido o Wuthering Heights de Emily Brontë.

Jane Eyre é uma órfã indesejada pela família paterna e que às expensas de muita preserverança consegue encontrar e afirmar o seu lugar no mundo.

Achei a história interessante pela construção da personagem de Jane Eyre, apesar de algumas peripécias serem muito forçadas. No entanto, enquadra-se no contexto da época.

4.1.09

Palavras #131 a 133

Mezena - do It. mezzana, mediana. s. f., vela que se enverga na carangueja do mastro de ré.

Abita -. f., dim. de aba; Náut., peça colocada entre os escovéns e o guincho, para fixar a amarra da âncora.

ensamblar - do ant. ensembra, juntamente. v. tr., embutir (peças de madeira); entalhar; emalhetar; fazer lavores em; tauxiar.

3.1.09

Diálogo de despedida

- assim? Sem mais nem menos?
- não é sem mais nem menos.
- não?
- foi um erro e desde o início que o sabíamos.
- Não foi.
- Foi sim. Admito que me aproveitei da situação. Pensei que o que sinto por ti fosse suficiente, mas não é. Na verdade nunca foi, a penas tive a esperança…
- …
- o teu silêncio confirma-o. Mas agora a esperança rendeu-se à realidade.
- mas eu gosto de ti.
- sim, tens até um carinho especial… sim, conheço todas essas palavras. Mas eu quero mais, quero ser aquela que faz esquecer tudo o resto e que provoca sorrisos à toa. Quero ser essa pessoa e sei que a posso ser. Apenas não contigo.
- mas…
- sem mas, nem arrependimentos. Tentei e falhei. Ou melhor, não aconteceu o que esperava. Agora tenho de seguir, porque ficar não é hipótese.
- não quero que vás.
- mas também não me queres. Não como eu te quero e já não estou disposta a aceitar menos do que mereço. Mereço mais do que me ofereces.
- mereces, mereces muito mais. Lamento…
- não lamentes, mas adeus…

2.1.09

workshop semântico #34

A vida de crime de Gino Rossi não era destituída de percalços. Embora fosse reconhecidamente um dos mais ladinos na sua área, isso devia-se à sua apurada perspicácia e capacidade de evitar encontra-se acoado em alguma situação. Escapava-se de qualquer tumultos como um fantasma e assim iludia qualquer autoridade menos corruptível. Embora a sua reputação lhe granjeasse já o respeito por ser o primeiro a contornar quaisquer escrúpulo dos carporais que rondavam as velhas e sujas ruas da cidade nos seus ginetes.

1.1.09

A Terra do Nunca, Nuno Júdice

Se eu fosse para a terra do nunca,
teria tudo o que quisesse numa cama de nada:

os sonhos que ninguém teve quando
o sol se punha de manhã;

a rapariga que cantava num canteiro
de flores vivas;

a água que sabia a vinho na boca
de todos os bêbedos.

Iria de bicicleta sem ter de pedalar,
numa estrada de nuvens.

E quando chegasse ao céu, pisaria
as estrelas caídas num chão de nebulosas.

A terra do nunca é onde nunca
chegaria se eu fosse para a terra do nunca.

E é por isso que a apanho do chão,
e a meto em sacos de terra do nunca.

Um dia, quando alguém me pedir a terra do nunca,
despejarei todos os sacos à sua porta.

E a rapariga que cantava sairá da terra
com um canteiro de flores vivas.

E os bêbedos encherão os copos
com a água que sabia a vinho.

Na terra do nunca, com o sol a pôr-se
quando nasce o dia.