cada dia seguimos a nossa labuta
passando uns pelos outros, olhando os seus
olhos ou não, quase a falar, ou não.
Barulho e confusão, rasgado e difuso, cada
Um dos nossos antepassados nas nossas línguas.
Um buraco no uniforme, remendando um pneu
Reparando o que necessita de reparo.
Com duas colheres de pau numa lata de conserva,
Com violoncelo, caixa de ressonância, harmónica, voz.
Um agricultor observa as mudanças no céu.
Um professor diz, peguem nos papéis. Começem.
Rápidas ou suaves, sussurradas ou declamadas,
Palavras a considerar, a reconsiderar.
A vontade de alguém e de outros que dizem
Preciso ver o que está no outro lado.
Precisamos encontrar um lugar seguro.
Caminhamos para aquilo que ainda não conseguimos ver.
Cantai o nome dos mortos que nos trouxeram aqui,
Que lançaram os trilhos, que ergueram as pontes,
Tijolo a tijolo os brilhantes edifícios
Que depois limparam dentro e fora.
Cântico de louvor por cada letra escrita à mão,
A sua decifração nas mesas de cozinha.
Outros não atiram a primeira pedra nem suportam mais
Do que o necessário. E se a palavra maior for amor?
Amor que emite um vasto facho de luz,
Amor sem necessidade de dor.
Qualquer coisa pode ser feita, qualquer frase começada.
à beira, à margem, ao início;
praise song for walking forward in that light, Elizabeth Alexander,
lido na tomada de posse de Barack Obama.
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