Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

9.1.09

- Reflexões sobre animação à leitura -

por Paulo Lages

No livro Ser ou Não Ser Arte, António José Saraiva tece várias considerações sobre a arte, tendo como objecto de análise a literatura. Das várias ilações apresentadas, salienta-se

“ ... o essencial de uma obra artística é ela ser comunicativa, ..., é ela desencadear no seu leitor, ..., um processo que é também activo e criador. Para o artista, a obra criada é um momento de condensação e de consumação da actividade criadora; para o destinatário ... é o começo de uma nova actividade.”[1]

Ou seja, o autor defende que a arte, seja sob a forma de literatura ou não, é sempre um ponto de partida, pois “da arte sabemos só que não volta ao príncipio.”[2]

Na sua apresentação sobre Animação à Leitura, Paulo Lages apresentou a seguinte proposta de definição: “actividade de carácter lúdico com o objectivo de criar, com recurso a meios expressivos, um contexto original que suscite, favoreça e adeque a leitura partilhada de uma obra.”

Ou seja, obriga-nos a repensar o modo como encaramos a literatura, que deixa de ser um ponto de partida e se torna o objectivo a alcançar, o ponto de chegada. Isto coloca-nos a questão: como chegar a uma obra? Ou, melhor, que estratégias desenvolver para levar alguém a uma obra? Mas estas não são as únicas questões que a animação à leitura induz. A animação, enquanto parte do objectivo mais vasto de promoção à leitura, suscita ainda outras questões: Será suficiente apenas apenas sugerir leituras? Será necessário dotar o leitores de novas competências?

A promoção à leitura não apresenta fórmulas estanques de leitura, pois “não há uma única forma de ler bem,...”[3] Aliás, o objectivo da promoção à leitura é suscitar o prazer ou a curiosidade da leitura e consciencializar o interlucotor que a leitura é para “ponderar e reflectir.”[4] Assim, como salienta Paulo Lages, suscitar a leitura passa por preparar um espaço e conquistar tempo para a mesma.

Na sua apresentação, Paulo Lages revelou algumas das suas técnicas desenvolvidas neste âmbito, o que foi bastante relevante. Mas mais relevante ainda, foi consciencializar para necessária mudança de prespectiva em relação há literatura quando se desenvolver alguma acção nesta área: há que chegar a ela e não apenas partir dela.



[1] SARAIVA, António José. Ser ou não ser arte. Estudos e Ensaios de metaliteratura. Lisboa: Edições Europa-América, 1974. (p. 167)

[2] Idem. (p.172)

[3] BLOOM, Harold. Como ler e Porquê. Lisboa: Editorial Caminho, 2001. (p.15)

[4] Idem. (p.20)

Sem comentários:

Enviar um comentário