Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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30.9.08

Contemporâneos vs Gato Fedorento

É verdade que os GF trouxeram à televisão uma lufada de ar fresco e levantaram a fasquia do humor nacional. Mas, como em tudo na vida, tenta-se sempre superar o que já foi feito, quer empregando maior qualidade aos modelos já concebidos, ou procurando novas perspectivas e modelos.

Assim, surgiram no panorama humorístico nacional Os contemporâneos, que logo na primeira série souberam definir as suas particularidades e explorar idiossincrasias tugas, através de um humor inteligente e acutilante. Dai pensar que actualmente o projecto Contemporâneos é mais bem conseguido que os GF, que parecem ter atingido uma certa estagnação. Sim, porque foram-se os Meireles, mas o Zé Carlos é apenas mais um nome, como poderia ter sido o Xico Toino. Isto não quer dizer que não me divirta a vê-los. Divirto imenso. O RAP é um excelente imitador e o ZDQ é uma mulher como poucas, sendo apenas destronado pelo Joaquim Monchique.

O problema é que o humor tem timmings próprios, que não se coadunam com fórmulas repetidas ad extremis. Assim, os Contemporâneos conseguiram injectar um novo ânimo no humor nacional e são eles que actualmente impõem a fasquia no alto.

É óbvio que, dedicando-se ambos à crítica e satirização da sociedade actual, têm como temas dos sketches as mesmas situações, mas considero mais hilariantes e acutilantes as rábulas dos Contemporâneos, daí que seja o meu programa de humor favorito.

E, disto isto, vão trabalhar. Vão fazer qualquer coisa de útil prá sociedade, em vez de ficar aí a ler blogues nas horas de expediente e a dar prejuízo ao patrão.

28.9.08

Palavras #110 a 112

Mílharas - de milho. s. f. pl., Ictiol., substância granulosa dos ovos dos peixes; ovas; grânulos dos figos.

Criptoméria - do Gr. kryptós, oculto + méros, parte. s. f., Bot., género de plantas taxodiáceas originárias do Japão e cultivadas em S. Miguel.

Pimpól - s. m., Bot., árvore artocarpácea da Índia.

27.9.08

Tempestade Tropical


Esta é uma das mais recentes sátiras à indústria cinematográfica americana. Tendo como pano de fundo a rodagem de um filme de guerra (com alusões óbvias sobretudo a Apocalipse Now e a Platoon), aproveita para esmiuçar e ridicularizar os vários intervenientes no processo de produção de um filme. Assim, passa em revista os actores (o has been, o oscarizado, a estrela musical na sua primeira aparição cinematográfica, o rookie, o galhofeiro escatológico), o argumentista e a sua história “verídica”, o realizador contratado, mas sem controlo criativo ou de decisão sobre o produto, e o produtor executivo (de fazer frente a qualquer Corleone de peso). Todos os intervenientes são explorados nas suas fraquezas e grandezas.

Não é um filme tecnicamente excelente. É bem executado e é pena que alguns gags/plots se estendem demasiado. Mas o que mais realço neste filme é a excelente interpretação de Tom Cruise (sim, esse mesmo), no papel do todo poderoso produtor e não me admirava nada se esta interpretação lhe valesse uma nomeação ao Óscar de actor secundário (ironias à parte). Aliás, é pena que Cruise arrisque muito pouco como actor, porque até tem potencial, e se acomode tanto ao papel de galã, que aqui realmente não é.

26.9.08

A terapia do amor


O amor não tem idade, nem momento apropriado para surgir nas nossas vidas. Apenas surge e resta-nos vivê-lo pelo período certo, seja uma semana, um ano, ou uma vida. Porque nem todos temos os mesmos tempos e vivemos a vida em diferentes velocidades, há que ter a sabedoria de avaliar qual o tempo certo do amor. Sabedoria essa que é o mais complexo de atingir.

O interessante deste filme é apresentar-nos uma história de amor que, para além da paixão e deslumbramentos iniciais, se centra nestes tempos do amor e que, podendo não ditar o fim do sentimento, dita por vezes o fim das histórias.

24.9.08

KABOOOUUM!

Para quem está na política, é costume dizer-se: um dia está-se, outro não. É muito fácil perder-se um cargo político inesperadamente.

Mas não são apenas os detentores dos cargos que vêem a sua vida alterada. Como funcionária de um município, o meu trabalho está sujeito a este tipo de alteração súbita. Porque há projectos que caem por terra, outros que são implementados, promoções e despromoções e passagens de testemunho, por vezes nada pacíficas. Situações às quais somos alheios, porque não temos poder decisório, e em que somos simultaneamente os primeiros a ser atingidos, porque damos a cara e a voz pelos projectos e não temos respostas.

Quem está por for a não tem a percepção de como estas oscilações afectam o nosso já pouco credibilizado trabalho em prol do município, porque na realidade o maior prejudicado é sempre quem devemos servir.

23.9.08

Ainda Melhor que a Realidade

Dá-me outra oportunidade
E ficarás satisfeito
Dá-me duas oportunidades
E não serás negado
Bem, o coração está onde sempre esteve
A minha cabeça está algures no meio
Dá-me outra oportunidade
De ser a tua amante esta noite

Ei, ouve isto
És o verdadeiro

Dá-me uma última oportunidade
E far-te-ei cantar
Dá-me meia oportunidade
Para navegar nas tuas ondas

Querido, és como mel para as abelhas
Vou soprar-te como uma brisa
Dá-me uma última oportunidade
Para deslizar na superfície das coisas

somos livres de voar no céu vermelho
O sol não derreterá as nossas asas
E agora, aí vem ele

Leva-me mais alto
Podes levar-me mais alto?
Queres levar-me mais alto?

Even Better Than the Real Thing, U2

21.9.08

Sabedorias

Se não sabemos para onde vamos,

arriscamo-nos a nunca mais lá chegar.

Provérbio Tuaregue

20.9.08

fluviário, Mora



O Fluviário de Mora é considerado o melhor exemplo de como um museu pode ser considerado um caso de sucesso. Inaugurado à ouço mais de um ano, tem atingido números recordes de visitantes. O sucesso deste equipamento é tal, que a receitas obtidas possibilitaram já a aquisição de uma ambulância para a corporação local de bombeiros e está já a decorrer um projecto de ampliação.

Este equipamento está dotado de todas as valências actualmente indispensáveis em qualquer espaço: cafetaria/restaurante, loja, serviços educativos, Centro de Documentação, salas de reunião e formação, salas para crianças. Além da área de exposição destinada às espécies animais, com área exterior onde é possível alimentar os animais, possui ainda uma área interactiva onde os visitantes podem, através de sensores, obter mais informações sobre temas ambientais.

Este equipamento proporciona uma visita agradável e educativa.

19.9.08

workshop semântico alheio

Se o Mário Mata, a Florbela Espanca, o Jaime Gama e o Jorge Palma, o que é que a Rosa Lobato Faria?

E, já agora: alguém acredita que a Zita Seabra para o António Peres Metello?

18.9.08

Tenho extraordinárias memórias imaginadas dos sonhos que não cumpri.

Do livro que não escrevi, do filme que não interpretei, do filho que não tive, do amor que não vivi.

Estarei ainda a tempo de os cumprir?

Terei a coragem de dar o primeiro passo?

17.9.08

Diálogo amoroso

  • vais falar com ele?
  • Não, não vejo porquê.
  • Mas somos amigos.
  • Eu sei. Mas a partir do momento em que ele acabou a nossa relação, não tenho de lhe dizer nada sobre a minha vida.
  • Mais tarde ou mais cedo vai ter de saber.
  • Sim, eu sei. Mas não vou tomar a iniciativa de o fazer.
  • Devia faze-lo.
  • Talvez. Não te preocupes. Não estamos a enganar ninguém. Nunca aconteceu nada entre nós enquanto estive com ele.
  • Creio que para ti é mais simples. Para mim não. Posso ter sido um sacana em muitas coisas, principalmente com as mulheres, mas ele é meu amigo desde infância. Sempre contámos estas coisas um ao outro.
  • Ele sabe que andas com alguém?
  • Sim, pensa que é uma mulher casada.
  • Casada, heim...
  • Sim, como nunca contei pormenores sobre ti, pensa que deves ser casada.
  • Pormenores como?
  • Não desses, está descansada. É a tua descrição, a tua maneira de ser, é o facto de nunca te ter levado a nenhuma saída.
  • Um destes dias saímos.
  • Saímos?
  • Sim. Saímos com o grupo todo. Ficam todos a saber ao mesmo tempo e não há mais perguntas, nem boatos para ninguém.
  • Achas que é boa ideia?
  • Não sei se será a melhor solução, mas não temos nada a esconder.
  • Não tens medo dele não gostar?Não, não tenho. Ainda tenho alguma mágoa pelo que me fez, porque ninguém gosta de ser traído. Mas acabou tudo. Já processei o acontecido e já fiz o meu luto. Agora estou contigo. És tu que me interessa, é contigo que tenho de falar. Não é com ele, nem com mais ninguém.
  • Achas mesmo que simplesmente devíamos parecer juntos?
  • Talvez seja o melhor.
  • Se calhar. Está preparada para isso?
  • Acho que sim. Sim, estou. Embora, confesso que gosto de andarmos às escondidas.
  • Sim, tem as suas vantagens. Só nós dois.
  • Só nós dois.
  • Columbina e Arlequim, Almada Negreiros

    16.9.08

    15.9.08

    No sofá vermelho

    O veludo já não é realmente vermelho, é mais um escuro alaranjado. Perdeu já a vivacidade do vermelho, mas mantém ainda a sua suavidade ao toque. É nele que me deito e antecipo a tua chegada.

    14.9.08

    Palavras #107 a 109

    Côvado - do Lat. Cubitu. s. m., medida de comprimento, antiga, equivalente a 66 cm; Náut., parte da caverna da embarcação, que começa a formar a volta para cima.

    Galerno - do Prov. galerno, vento fraco de Nordeste. adj., diz-se de um vento entre o Norte e o Oeste; s. m., vento brando, aprazível.

    Enxárcias - do b. Gr. enxártia, equipamento. s. f., conjunto de cabos fixos que seguram os mastros e os mastaréus; cordoalha do navio; massame; petrechos de barco.

    13.9.08

    I draw the lines
    That won’t keep us together
    I draw them tightly
    As tightly as we should be
    But as lines that we are
    We grow through life
    Without even touching
    Side by side
    We walk along
    Yet, apart from each other

    12.9.08

    10.9.08

    A Roda da sorte

    Voltou aos ecrãs um dos mais marcantes concursos da televisão nacional, devido à irreverência e grande dose de loucura do seu apresentador, que fugia constantemente às normas de apresentação. Era um momento de humor em que tudo podia acontecer e acontecia. Todos nós fazíamos parte daquele publicozinho, sabíamos os hinos de Vítor Peter de cor e salteado e, sobretudo, as nossas private jokes tinham uma dimensão nacional. Aquele foi o concurso de uma geração.
    Agora, volta a ser transmitido, com a apresentação igualmente a cargo de Herman José. Mas conseguirá ele a mesma proeza, ou estaremos a pedir demais. Porque as gerações visadas não são as mesmas, porque o panorama do humor nacional mudou, ou porque o concurso já nada tem a mesma aparente simplicidade, só o tempo dirá se é uma posta televisiva ganha.

    9.9.08

    O Vencedor Toma Tudo

    Não quero falar
    Daquilo que passámos
    Embora me magoe
    Agora é passado
    Joguei todos os trunfos
    Tal como tu
    Nada mais a dizer
    Nem ases para jogar

    O vencedor tudo toma
    O vencido diminui
    Além da vitória
    É o seu destino

    Estive nos teus braços
    Pensando aí pertencer
    Julgava fazer sentido
    Construir-me uma vedação
    Construir-me uma casa
    Pensado estar protegida
    Mas fui tola
    Jogando pelas regras

    Os deuses podem laçar os dados
    Com mentes frias como aço
    E alguém cá em baixo

    Perde alguém querido
    O vencedor toma tudo
    O vencido tem de cair
    É simples e direito
    Para quê queixar-me

    Mas diz, ela beija
    Como eu te beijava
    Sentes o mesmo
    Quando chama por ti
    Algures por dentro
    Deves saber que sinto a tua falta
    Mas agora posso dizer
    As regras devem ser cumpridas

    Os juízes decidirão
    As minhas prerrogativas
    Os espectadores do caso
    Sempre discretos
    E o jogo retoma
    Amante ou amigo
    Grande ou pequeno
    O vencedor toma tudo

    Não quero falar
    Porque me entristece
    E compreendo
    Vieste cumprimentar-me
    Peço desculpa
    Se te embaraça
    Ver-me tão nervosa
    Sem confiança
    Mas compreende
    O vencedor toma tudo

    The Winner Takes It All, Abba

    8.9.08

    7.9.08

    X Files, quero Acreditar


    O que faz um bom episódio, não faz necessariamente um bom filme e é exactamente o problema deste Quero Acreditar. Eu também queria acreditar que iria gostar e ser surpreendida pelo filme, mas não fui. Culpa mea, que sempre quis ver nos filmes a aura X Files que todos falam, mas, como não segui a série, nunca senti. Da série, vi apenas 2, 3 episódios, sendo que um era decalcado de O Predador, o que não abonou muito em favor. Do X Files, o filme, achei a trama demasiado copy paste de Smilla e o Mistério da Neve (aliás, um livro de Peter Hoeg que recomendo vivamente).

    Deste Quero Acreditar, pouco mais tenho a dizer. Considero que o argumento seria mais eficaz reduzido ao formato episódio (45 minutos). E a suposta química entre Mulder e Scully, não transparece. Mas também, as personagens supostamente estão casadas há mais de dez anos e não há química que resista a este período de casamento.

    5.9.08

    À procura da Terra do Nunca

    quantos de nós, se nos fosse dado a escolher, não ficaríamos algures na nossa infância. Nesse tempo em que tudo nos é permitido, porque muito singelamente acreditamos que a magia da imaginação é apenas mais uma faceta da nossa vida. Mas como a vida raras vezes se coaduna com a magia, o natural é crescermos e perdermos o caminho para a nossa Terra do Nunca. O regresso é possível, mas nem sempre fácil.

    À Procura da Terra do Nunca, como indicado nos créditos iniciais, é baseado em factos reais, ou seja, no processo de criação das aventuras de Peter Pan e os seus meninos perdidos por parte do autor inglês. J. M. Barrie. Mas, fazendo jus ao tema, mais do que reportar os factos por trás da história, leva-nos a vivênciar o processo criativo da mesma. Feito de imaginação, magia e tensões com a sempre presente realidade. Há um constante e bem sucedido transitar entre imaginação e realidade, que nos leva a querer ter essa capacidade que só as crianças têm: a de habitar simultaneamente nesses dois mundos.

    A dar vida a Barrie está Johnny Depp, um dos melhores actores da sua geração, e que uma vez mais demonstra o seu à vontade nestes personagens marginais, em que a infância e a idade adulta se misturam, mas sem que qualquer das facetas saia ridicularizada.

    4.9.08

    Mamma Mia!



    Eu pertenço a uma geração para quem os ABBA são aquele grupo sueco, da década de 70, indispensável em qualquer retrospectiva do Festival Eurovisão da Canção. Lembramo-nos das fatiotas, pirosas para os nossos dias, e trauteamos algumas melodias, porque realmente não sabemos as letras. E não fosse gostar de musicais, provavelmente não ia ver o filme.

    E vale a pena vê-lo? Sim. Não por ser um filme tecnicamente excelente ou por ser um argumento extraordinário e inovador. Aliás, musical que se preze tem um argumento simples, quase anedótico, porque o mais importante deste género é realmente a música e a sua interpretação. E ai, a música está muito bem conjugada com o enredo, dando-lhe a densidade, quer dramática, quer cómica, necessária.

    Depois há a excelente interpretação de Meryl Streep, da qual destaco a interpretação de The winner Takes it all, e não me admirava que lhe valesse mais nomeação aos Óscares. As restantes meninas do elenco são óptimas coadjuvantes e os meninos também se portam bem. Pena é que a voz de Pierce Brosnan não fazer jus à de M. Streep, diminuindo em muito a qualidade dos seus duetos.

    Tudo isto se conjuga para fazer deste o filme de verão de 2008 e para dar uma nova vida às canções dos ABBA, que podem agora ser ouvidas num qualquer trautear perto de si.

    3.9.08

    Nunca, Não, Sempre..., Renato Epifânio

    Nunca dês o primeiro tiro
    Nunca dês a outra face
    Respira sempre três vezes antes de responderes

    Não respondas a provocações óbvias
    O óbvio é, por definição, não verdadeiro
    E, por isso, indigno de ti

    Concede sempre o benefício da dúvida
    Há muita gente a voar à toa
    Com esses, não vale a pena perder tempo

    2.9.08

    A rapariga do brinco de pérola


    Para quem gosta de pintura, o mais fascinante deste filme é transportar-nos para a luminosidade dos quadros de Vermeer, através da fantástica cinematografia de Eduardo Serra. Pena foi que o óscar fosse parar a outras mãos.

    Baseado no livro homónimo de Tracy Chevalier[1], o enredo procura dar-nos a história por trás de um dos mais enigmáticos quadros do autor. Enigmático pela simplicidade do objecto retratado: uma jovem, numa posição pouco usual para a retratistica da época, e sem quaisquer outros elementos de composição. Não há cenário, nem grandes adereços. Apenas um pano a cobrir os cabelos da jovem e trazendo para primeiro plano o singelo brinco de pérola. Por trás, adivinham-se amores sublimados, traições, paixões, poder e luxúria.


    [1] Autora que descobriu o filão das possíveis intrigas por trás de obras e figuras históricas como as tapeçarias de A Dama e o Unicórnio e a genialidade de William Blake.

    1.9.08

    velocidade sem limites


    em tardes de fim-de-semana, o mais certo é encontramos nos ecrãs das nossas televisões alguns teen movies, que valem pelo que valem: quase duas horas de bem intencionado entretenimento. E o caso deste Velocidade… que nos leva aos bastidores dos circuitos de corridas e pelo meio ainda nos oferece uma ligeira tensão familiar.