- tens fugido de mim.
- Tenho?
- sabes que sim.
- sim, acho que sim.
- assustei-te. Não estavas à espera de ouvir o que te disse e levantaste o teu campo de defesa. Gostava de perceber porquê. Não esperava que fosse recíproco, não por enquanto, mas também não esperava uma fuga.
- parece que sou especialista em fugas, acabo sempre por fazê-lo.
- mas queres fugir?
- não, mas os meus mecanismos de defesa impelem-me.
- não te vou magoar. Pelo menos intencionalmente, se bem que de boas intenções está o inferno cheio, eu sei.
- sei que não me queres magoar. E não precisas fazê-lo, acredita que consigo fazê-lo muito bem sozinha. Mas sim, as tuas palavras assustaram-me. Adoraria dizer o mesmo, mas não consigo.
- não te peço.
- agora não, mas vais pedir. E não sei se no futuro conseguirei dizê-las. Não te quero magoar, por isso acabo por afastar-me.
- isso é uma atitude covarde.
- sim, seu sei. Mas já me está tão interiorizada que é complicado evitar. Sou a minha pior inimiga.
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