Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.5.10

É impressionante como continuo a persistir em antigos erros. Só é possível concluir que sou a minha pior inimiga.

29.5.10

Every now and then I fall a part
And I need you now tonight
And I need you more then ever
And if you really hold me tight
We’ll be holding on forever

A lonely tear falls for someone else’s love song, but never your own.

28.5.10

Acumuladores

Só nós damos valor ao que temos. Não há outra pessoa que consiga perceber porque nos agarramos a determinados objectos, a determinadas memórias. O que para nós é imprescindível manter, para outros é insignificante.
A nossa memória é apenas nossa e raras vezes se transforma na memória dos outros. Apenas uma ínfima percentagem da memória individual se transforma numa memória colectiva. Por isso, agarramo-nos desesperadamente aos objectos que julgamos pertencer-nos.

27.5.10

Diário I, Miguel Torga


O meu contacto com Torga foi no 12º, tendo sido o autor do programa escolar que mais gostei de estudar. Voltei a ele em 2006, com O Senhor Ventura, e a agora dedico-me aos seus Diários.
Gosto da sua escrita pelo humor e ironia, pela humanidade e seus paradoxos, pelo diálogo constante com o divino, pela reflexão literária.

25.5.10

Quando julgava que já não tinha forças para derramar mais lágrimas, bastou algumas palavras sussurradas na inconsciência de um sonho para de novo as libertar.

Está visto e considerado que o mar não tem fundo e não tenho mais palavras.

24.5.10

Quando a minha mãe era empregada interna, ou como na altura se dizia: servia, uma das suas funções era tomar conta dos filhos dos patrões. Estas duas fotos de 1960 retratam-na com uma dessas crianças.

23.5.10

Diálogo voluntário

- pensava que não querias.
- quero!
- hesitaste.
- sim, mas não quer dizer que não queira. Apenas não me sai assim tão natural como seria desejável.
- não és tão corajosa quanto queres parecer.
- não, não sou. Gostava, mas não sou.
- não tens de ser. Tens apenas de querer, o resto acaba por acontecer.

22.5.10

Antes da tempestade, há uma calmaria: 
um momento suspenso no tempo.

Se conseguirmos possuir a clarividência de a perceber, podemos inspirar fundo e armazenar o ar que nos permitirá emergir até à superfície.

20.5.10

Há já muitos dias em que sinto pouca vontade de escrever. Sobretudo, porque não gosto do que eventualmente irei escrever.
Foram muitos dias encerradas em mim e, comigo, isso não é benéfico ou produtivo. Normalmente, preciso sair de mim para que a escrita faça sentido, para que o resultado seja compensador, ou seja, apaziguador.
Como quase todos, escrevo para mim. Para me questionar, para me cimentar, para, ingenuamente, me iludir de que tenho algo a dizer, talvez até a acrescentar.
Mas escrevendo para mim, necessito de buscar material fora de mim para remoer um pouco. Nunca em demasia, que me é impossível.
Não escrevo em torrentes, nem em profundidade. Apenas apontamentos mais ou menos sérios, ligeiros, sobre os meus dias, prazeres e angústias, devaneios e desabafos – confessos ou parcamente ocultados.
Seja qual for o exercício de escrita, necessito do estímulo exterior. Não encerramos em nós o mundo, encerramo-nos do mundo quando teimamos em olhar apenas para o que nos dói. O mundo tem mais dores e mais alegrias quando olhamos de dentro para fora.

16.5.10

A lucidez da loucura

Hoje, a Grande Reportagem da SIC explorou o mundo das doenças mentais através de testemunhos de doentes do antigo Hospital Júlio de Matos.
A reportagem permitiu-me algumas conclusões:
- o conceito de normalidade é vazio, ninguém sabe exactamente o que é, mas espera-se muito, seja de quem for;
- todos somos/estamos impregnados de expectativas, sociais e individuais, e a perturbação mental surge também[1] do conflito entre essas expectativas e a incapacidade para as atingir e/ou conciliar;
- a solidão é o pior inimigo da sanidade. Perdemos o norte quando não temos um sistema de suporte, normalmente a família, e sentimos que não podemos contar com ninguém;
- a felicidade é equilíbrio e harmonia.


[1] Diria antes sobretudo, mas não tenho conhecimentos para sustentar tal afirmação.

15.5.10

A solidão

Penso muitas vezes como seriam os meus dias se partilhados,
Os meus silêncios se dialogados,
As minhas noites se amadas.

13.5.10

Earl's List

Para poder alterar o seu karma, a personagem Earl elaborou uma lista de pessoas a quem prejudicou e a quem procura compensar. Claro que os nossos erros nem sempre se resolvem com uma lista de compensações.
Então, para quê uma lista? em que é que nos ajuda?
Uma lista ajuda-nos a definir objectivos, a manter um rumo. Mesmo que nem todos os itens se cumpram, alguns serão atingidos e outros valerão pelo caminho percorrido.
Na verdade, nunca fiz exactamente uma lista de objectivos a cumprir. (D)escrevi sonhos, alguns devaneios, mas nunca me empenhei concretamente em cumpri-los. Não estabeleci metas, divaguei ao sabor das oportunidades.
Hoje, compreendo a necessidade e as vantagens em estabelecer objectivos. Impede, entre outros, que caiamos em determinadas situações de descontrolo. Não impede que a vida saia do nosso controlo, isso nunca se impede. Mas ajuda-nos a ter um plano de acção mais amplo quando esse descontrolo acontece.

10.5.10

Fado, Fátima e futebol

Entre a ressaca dos que comemoram a vitória do campeonato nacional e a lista de convocados para o mundial e a euforia dos que esperam ansiosamente a visita do papa, o governo lá vai anunciando novas medidas de contenção orçamental. Quem as vai pagar? Como sempre, quem tem mais dificuldade. Quando é que se vão aperceber? Daqui a uns dias, quando os ordenados encolherem drasticamente.
Este é o nosso fado: que os governos continuem a utilizar Fátima e o futebol como lhes convém. Resta-nos mais dois meses de anestesia futebolística que será utilizada para o anúncio do nosso empobrecimento. Mas que interessa isso, quando Portugal pode ser campeão?
Quem me conhece, sabe a minha simpatia pela selecção. Mas este ano não há animo para ânimos futebolísticos. Acho mesmo que devíamos boicotar o apoio ao mundial, talvez assim fosse mais fácil demonstrar o nosso descontentamento com a economia nacional.
É uma ideia…

8.5.10

Sobre televisão

Para mim é uma companhia, mas também um escape. É igualmente um terapêutico elemento relativizador. Há problemas pessoais que diminuem de intensidade ao perceber dramas e angústias alheios

7.5.10

Karamel


E se o Sexo e a Cidade se fundisse com Persépolis? Isso seria talvez Karamel!
Em Beirute, 4 amigas trabalham num salão de beleza e através das suas histórias ficamos a conhecer as suas aspirações pessoais e limitações sociais.

6.5.10

Os risos das meninas e senhoras contrastavam com o solipsismo de Georg. A sua saudação não passa de um quase imperceptível resmoneado, enquanto as mulheres tagarelam num alegre estentoricamente.

5.5.10

No dia da mãe, aflorei aqui um pequeno registo da história de vida da minha mãe. No entanto, senti necessidade de acrescentar outro registo e resolvi vasculhar a caixa castanha de camisa de homem onde lá em casa guardamos as fotografias antigas. De quando em quando gosto de remexer nessas fotos com rostos a cinza e sem rugas e cãs, alguns conhecidos, outros não.  
Este mês vou dedica-lo a ela e deixar aqui várias fotos da minha mãe…
Não sei quais as histórias por trás destas fotos, mas penso que terão sido tiradas em dias festivos. Sei apenas que, na do canto inferior esquerdo, a minha mãe está ladeada pelos primos com quem foi criada, a Cidália e o Teca.

4.5.10

#1 @ 101 em 1001 - Adenda

Imprevistos à parte, gravei 4 CDs, sobretudo com fotos e trabalhos escolares, mais uma miscelânea de ficheiros que não interessam a ninguém, nem se calhar a mim. Mas fiquei contente por concluir o primeiro objectivo, mesmo com mais alguns percalços pelo caminho – o computador resolveu empancar no meio de uma gravação e lá ficaram mais uns ficheiros marados. Helás, a história da minha vida nos últimos tempos…

3.5.10

Alguém me explique, sff?

Quando se fala em cortes salariais e de subsídio, fala-se de quê? Corte puro e simples ou congelamento? É que o único termo que oiço é corte, mas vejo que muitas pessoas o entendem como congelamento. Só que até agora, eu ainda não ouvi esse termo.
Alguém me explica, sff…

2.5.10

Uma história da minha mãe

Quando tinha 11 anos, como ela própria afirmava, a minha mãe foi colocada num autocarro para vir servir para Lisboa. Primeiro, serviu em casa dos Martins, que também eram da zona de Cernache. Não sei quantos anos lá ficou, mas sei que não gostou. Não passava de uma criada.
Depois, serviu, até casar, em casa dos Cintra. Foi um período do qual sempre teve boas memórias. Primeiro, porque era tratada como pessoa, com dignidade. Depois, porque lhe permitiu contactar com as mais variadas pessoas que frequentavam a casa. Contava muitas pequenas histórias, a muitas delas nunca demos a mínima importância. Hoje, tenho pena de não ter prestado mais atenção, de lhe ter sabido dar o valor que tinham para ela. Hoje, percebo porque eram importantes para ela.
Aproveito para recordar a minha mãe através desta fotografia, onde estão o seu tio, a avó, Maria Adelaide Cintra (não, o meu nome não tem nada a ver com ela) e dois dos filhos, penso que o Luís Miguel e o Manuel. A minha mãe é a cachopa de vestido florido.
Mãe, sinto a tua falta…

1.5.10

ah pois é...



Darling it's a life of surprises
It's no help growing older or wiser
You don't have to pretend you're not crying
When it's even in the way that you're walking