Nessa altura, Marta principiou a recriar um espaço. O da intimidade.
Betânia, terra natal de Lázaro, conhecido por ser ressuscitado por Jesus, tem uma história menos conhecida: a das suas mulheres, subordinadas ao pode patriarcal.
Betânia contextualiza assim o conjunto de valores exigidos à protagonista deste romance.
Marta nasce a meio do século 20, e com um projecto definido pela posição social e económico da sua família burguesa. Dela é esperada a virtude e recato apreendidas no colégio de freiras – onde os preceitos de Betânia são ensinados, uma profissão digna e que constitua família digna de postal.
Esta é uma história de transformação – que tem igualmente como pano de fundo a transformação política do país nesse período – gradual e inexorável, em que uma mulher toma as rédeas da sua vida, subvertendo expectativas sociais e até mesmo pessoais.
Há muito tempo que não me identificava com uma personagem, mas Marta possui traços e experiências que partilho e inevitavelmente permanecerá na minha memória durante muito tempo.