Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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11.5.09

Os rapazes

Passeiam no pontão ao fim do dia
Com uma bola aos pés

Correm, driblam, sustentam o golo imaginário

Festejam a finta, a vitória
Repousam enfim
Na proa do barco que ainda esta noite buscou alimento

Amanhã será outra labuta

Perdem o olhar no horizonte

Perdem as mãos nos seus corpos

Quentes, molhados de mar e suor

Arrepiados da roupa fria, do desejo

A pele arrepanhada

O sal na tatuagem

O traço de saliva na coxa

O roçar da barba na virilha

O sabor agridoce

O tempo suspenso, na inspiração contida

O encaixe perfeito

No mesmo ritmo, na mesma ânsia

A queda no vazio

Sem força, em braços abraçados

O sol extingue-se

Confundem-se as estrelas

No brilho do olhar

Os rapazes trocam

Mais um beijo, dois, três

De novo a ânsia

De novo os gemidos

Ocultos na sombra

Sentidos no corpo

Os rapazes emergem

Para de novo se afundarem

Um no outro

Até que o grito ecoa na noite.

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