Em termos de enredo, A Rainha é um interessante exercício psicológico no qual se acompanha o que teria sido o conjunto de reacções da monarca inglesa na semana da morte da Princesa Diana. Como tal, apresenta-nos um figura em conflito entre o que sempre foi educada a sentir e a mostrar em público e o que esse próprio público espera dela. Nesse aspecto, vai-se formando uma imagem bastante humanizada de uma figura que transpira institucionalidade por todos os poros, imagem essa que mesmo assim parece para espectador ver. Porque aquela não é a Isabel II real, aquela é a personagem que se desejaria assim.
Deste modo, o louvor de todo o filme recai muito justamente sobre Helen Mirren. Com uma excelente caracterização física, Mirren recria esta personagem com uma grande subtileza e contenção de olhares e gestos, exactamente como a imagem que possuímos da monarca, mas também lhe aufere esse fundo de humanidade que não transparece da sua figura mediática.
No conjunto, o filme não é um produto equilibrado. Vive de e para Mirren, mas isso não o torna um filme a evitar. Merece ser visto, como um exercício e de possibilidade psicológica e interpretação.
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