Tive conhecimento desta obra pela notícia da sua adaptação ao cinema, com Jennifer Lawrence como protagonista. Pouco depois, uma jovem conhecida, de 13 anos, falava entusiasticamente não só sobre o livro, mas da trilogia de que faz parte, que já tinha lido, quer em português, quer em inglês. Somando a estes dois factores, percebi que esta trilogia estava incluída nalgumas listagens dos livros mais lidos/vendidos em 2012, o que aguçou a minha curiosidade.The Hunger Games (THG) relata-nos a história de Katniss Everdeen, uma jovem de 16 anos que reside na nação pós-apocaliptica de Panem, numa parte dos outrora Estados Unidos. Nesta nação futura estão prestes a realizar-se os 74º Jogos da Fome, uma competição televisiva anual em que 24 jovens, oriundos dos 12 distritos que compõem Panem, são obrigados a lutar, em condições extremas controladas pelos criadores dos jogos, até à morte, até restar apenas um vencedor. Para proteger a irmã do sorteio desta competição mortal, Katniss voluntaria-se e enceta uma experiência única.
THG são um típico exemplo de literatura YA: protagonistas adolescentes, temáticas adultas (condições extremas, limites da humanidade, mediatismo e valores mediáticos), relacionamentos, identidade, sexualidade e estatuto social. Mas ao colocar os seus protagonistas numa sociedade distópica futura , Suzanne Collins constrói o cenário ideal para abordar e explorar estas temáticas e apelar a uma identificação com as personagens.
Todas as jovens querem ter a tempera de Katniss (eu quero),têm as suas dúvidas sobre os seus papeis familiares (quantos dos nossos jovens não assumem hoje outros papeis que os de filhos) e no amor (Peta ou Gale?). mas colocar a sua heroína em condições extremas, coloca também os leitores noutro patamar de desafio e de reflexão.
Tendo a minha última leitura sido Se Isto é um Homem, o relato verídico de Primo Levi sobre a sua experiência como prisioneiro em Auschwitz, foi-me impossível não estabelecer algumas pontes entre dois trabalhos tão diferentes. Uma das pontes é a descrição do efeito da fome, da sua evolução e da sua gestão e questiono-me até se a autora terá lido esta obra. Outra ligação é a descrição de uma organização totalitária, com os seus centros decisores, os seus métodos de controlo pela indução de medo e castigo, entre os quais a utilização do 4º poder como forma de indução de valores e controlo do pensamento (não muito diferente dos valores romanos de pão e circo, mas sem pão).
Este livro foi uma agradável surpresa, que pela rapidez de leitura devido à sua linguagem clara, como pelos próprios temas de pano de fundo, e estou curiosa por ler os restantes volumes da trilogia.
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