Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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2.3.11

Ulisses e a ilha desconhecida

Os seus homens necessitavam de água potável, por isso, ao aportar na ilha desconhecida, seguiu rapidamente por uma vereda por onde vertia uma plácida corrente de água. A vegetação era frondosa, mas não densa, o que permitiu a que rapidamente chegasse ao seu destino. Qual foi o seu espanto ao constatar que a fonte que dava origem ao ribeiro estava ornada por uma construção em pedra.
Ainda no barco, Ulisses não conseguira ver qualquer construção, nem observou nenhum sinal – como, por exemplo, fumo – que lhe indicasse qualquer presença humana. Também nenhum dos sons que ouvira lhe indicava que a ilha fosse habitada, daí ter presumido que era deserta.
Agora, chegado à fonte de água, as suas convicções esvaíam-se. Se a ilha não era habitada, pelo menos já o fora e talvez fosse visitada por alguém. Alguém que lhes pudesse explicar ao certo onde estava e quão distantes estavam de Ítaca.
Os seus homens rapidamente encheram os alforges de água e retomaram o caminho de regresso. Saciada a sede da população, Ulisses formou três grupos para procurarem possíveis habitantes. Um seguiria pela orla marítima em busca de uma aldeia de pescadores. O segundo avançou pelo caminho do ribeiro para ver as suas imediações. Se a ilha fosse habitada por homens, estes necessitariam de água. O terceiro grupo seguiria pelas escarpas a leste, que, apesar da sua aparente inospitalidade, poderiam albergar gentes desconhecidas.
Ulisses permaneceu junto ao navio a analisar o desenho que rapidamente fizera da construção. Os motivos eram-lhe desconhecidos. Não se pareciam em nada com os da sua Ítaca natal, nem com outros que conhecera nas suas viagens. Quem seriam os seus autores? Homens, estranhas criaturas ou os enigmáticos deuses.

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