Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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14.3.11

A menina de tranças azuis

Ao final do dia, no seu regresso da escola, a menina de tranças azuis saltita pelo carreiro de pedras, balançado a mala que carrega os livros e os cadernos onde todos os dias aprende coisas novas.
É uma Mónica que causa grande espanto e que se espanta todos os dias com as muitas maravilhas que encontra no caminho. Quantas vezes a mãe lhe diz:

- onde andaste, minha marota? Não sabes que me enches de preocupação quando demoras a chegar?

Mas a menina abana a cabeça gentilmente, sorrindo com os olhos e diz:

- ó mãe, não te preocupes, estive a seguir um carreiro de formigas e a ver o que levavam para o seu armazém. Sabes, acho que são os animais mais fortes do mundo.

Ou então:

- não foi nada mãe, estive a conversar com o senhor burro, aquele ali da quinta do vizinho Ramiro.

Inevitavelmente, o comentário da mãe era sempre:

- que hei-de fazer contigo, rapariga endiabrada’

Mas a menina não é endiabrada, é apenas curiosa. Gosta de aprender e que melhor maneira de aprender do que conversando com as formigas, os burros, os cães, os pássaros, e todos os outros animais que encontra no caminho? Aprender na escola a vida dos reis era divertido, mas aprender a caminho de casa é também muito divertido.

Por exemplo, com o senhor burro aprendeu que na verdade este não é teimoso. As pessoas é que estão sempre cheias de pressa e atrasadas e ele, como já não está para novo, já lhe custa muito dar passadas apressadas. Se as pessoas saíssem mais cedo de casa, já não havia este problema. Porque é que haveria ele de ser o culpado das pessoas não chegarem a horas?

A menina de tranças azuis gosta de aprender assim o que, talvez por falta desse tempo, a professora Alice não lhe consegue ensinar. Porque todos nós temos as nossas lições a aprender, mas também a ensinar.

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