Apesar de nem sempre o fazer, um dos programas que gosto de ver é o do Provedor da RTP. E este fim-de-semana tive também a oportunidade de ouvir o programa do provedor de uma rádio cujo nome esqueci. A existência cada vez maior desta figura do provedor e deste tipo de programas é bastante salutar. Primeiro, porque é um espaço de diálogo entre quem concebe e produz e quem recebe e consome. Segundo, porque deste diálogo advêm trocas de informação e interpretações que só pode ser benéfica para as questões abordadas. Terceiro, porque é para outros espectadores e ouvintes uma chamada de atenção e de consciencialização sobre os conteúdos e informações que lhes entram porta dentro.
É minha convicção, que reitero demasiadas vezes para o meu gosto, que a maioria das pessoas apenas vê programas, mas não sabe ver além deles. É o problema da iliteracia mediática, que começa sem dúvida na iliteracia literária.
Um dos grandes desafios presentes e futuros da sociedade é ensinar não só técnicas de compreensão escrita, um trabalho árduo e primordial, mas também de compreensão mediática. Há que ensinar certas técnicas de descodificação da informação veiculada pelos vários media. Há que ensinar como por vezes se manipula a informação, não exactamente para se transmitir mentiras, mas para de dourar ou denegrir certas pílulas.
Há que ensinar que o que vemos é apenas um lado de uma verdade que tem muitos outros ângulos. Esse é um desafio enorme. E, claro, o seu sucesso depende também da vontade de se querer ser ensinado.