Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.10.14

Em Todas as Ruas te Encontro, Mário Cesariny

Kai Ziehl
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo...
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


 in "Pena Capital" 


30.10.14

O meu medo profundo

Olhando em retrospectiva e analisando as minhas (in)decisões, posso concluir que o meu medo predominante é o de não ser suficientemente boa em algo ou como pessoa. É um receio associado ao elemento ar, o elemento da área intelectual, da capacidade de abstracção e raciocínio. Tal não será de estranhar, se considerarmos que o meu signo, gémeos, é também um signo de ar. Ou seja, se calhar, isto anda realmente tudo ligado. 



29.10.14

Veronika Decide Morrer (2009)

Veronika é uma jovem cuja vida profissional oblitera todas as outras facetas da sua vida, provocando um vazio que a leva a uma tentativa de suicidio.ao recuperar,éinformada que o seu coração ficou de talmodo danificado que sólhe resta realmente um curto período de vida. Face a esta sentença, Veronika faz o que nunca tinha feito: arrisca-se a viver.

Título original: Veronika Decides to Die * Realização: 
Emily Young Argumento: Paulo Coelho (book), Larry Gross, * Elenco: Sarah Michelle Gellar, Jonathan Tucker, Erika Christensen, Melissa Leo, David Thewlis

28.10.14

As 3 Camadas de Medos

Superficiais. São os medos comuns, como de insectos ou outros bichos.
Profundos. São derivados dos 4 elementos: terra - relacionado com a parte prática da vida, indica o medo da sobrevivência, ou seja, do risco de vida ou da dor física; água – simboliza o lado emocional, logo simboliza o medo de não se ser amado; ar – representa o lado intelectual do individuo e indica o seu receio de não ser suficientemente bom; fogo – relacionado com o lado espiritual, representa o medo de não ser feliz.
Regra geral, cada um deixa a sua vida ser controlada por um destes medos. É necessário analisar as decisões mais importantes na nossa vida e o que se esperava atingir com elas para se perceber qual o nosso medo profundo ou predominante.

Nuclear. Com que é que eu não consigo lidar? O nosso maior medo, na prática, é o de não sabermos lidar com as situações da vida. Logo, o nosso medo nuclear prende como o medo de não saber lidar com a manifestação desse medo do que o medo em si.



27.10.14

Dentro de Ti, Ver o Mar, Inês Pedrosa

Há cerca de 10 anos, Inês Pedrosa era uma das autoras da minha preferência, depois deixei de a ler. Ao perceber este facto, voltei a pegar numa obra sua na tentativa de perceber o porquê desta “desistência”. E está compreendido! 
Este é um excelente exemplo de um romance sentimental, com paixões sentidas, mas não correspondidas, com personagens presas a relações sociais, correspondentes a estereótipos de felicidade, que não arriscam a paixão plena, até às últimas consequências. Seria talvez um tema bonito e inquietante, noutros séculos, noutras décadas, noutras percepções do amor e da paixão. Hoje, pese embora algumas interessantes considerações meta literárias da autora sobre o próprio romance, o enredo que as suportam diz me muito pouco. Reflecte ainda um certo conceito de sociedade e das suas relações interpessoais, mas nada mais que isso. Por isso, a escrita de Pedrosa deixou de me apelar nos últimos anos e talvez não retorne a ela. 

Editora: D. Quixote; Ano e local de impressão: Alfragide, 2012; Impressão: Eigal; Capa: Gilson Lopes; edição: 1ª; nº págs.: 341; Ilustrações: Não.

26.10.14

Vida de Caracol

Ser caracol é ser presa fácil para predadores ágeis ou humanos sedentos de iguarias ímpares condimentadas a orégãos e piripiri. Mas quem pensa na vida de um caracol? Apenas alguns curiosos dedicados à malacologia. De resto, quantos de nós se quedam a pensa no xurdir com que constrói a casa que sempre o acompanha. O trabalho de uma vida, que o protege, mas tão frágil quanto um pé distraído. Só um acto de inexplicável contumácia justifica o lento labor que há-de levar aonde o seu horizonte permitir. 

Vyacheslav Mishchenko


25.10.14

Nada no (nosso) mundo dura para sempre. Enquanto cuidarmos e preservarmos o que nos é querido, podemos fazê-lo perdurar o máximo possível no continuum espaço-tempo. Mas qualquer mudança evolutiva implica alterações no modo como o fazemos, mas também nos objectos do nosso afecto. Uma das grandes aprendizagens humanas é saber dizer adeus ao que finalizou ou saber colocar um ponto final ao que tem de finalizar. Temos de libertar para nos libertar, porque a evolução significa novos começos e estes exigem finalizações. A continuidade exigem um sentido e se este cessa de existir de que serve continuarmos indefinidamente à deriva ou a rodear a nossa cauda?



23.10.14


Palavras #540 a 542

contumácia - (latim contumacia, -ae, perseverança, arrogância, inflexibilidade, teimosia) s. f. 1. Grande teimosia, obstinação. 2. [Jurídico, Jurisprudência]  Recusa obstinada de comparecer em juízo.
malacologia - (malaco- + -logia) s. f. [Zoologia]  Parte da Zoologia que estuda os moluscos.
Xurdir - (origem obscura) v. int. [Regionalismo]  Lutar pela vida; trabalhar sem descanso. = MOUREJAR


in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo

22.10.14

O Meu Pior Pesadelo (2011)

Uma mulher e um homem têm em comum apenas a amizade dos seus filhos. Ela metódica, abastada e curadora numa galeria. Ele alcoólico, biscateiro, sem casa própria e prestes a perder o filho para a segurança social. Ele acaba por se mudar para a casa dela enquanto realiza alguns trabalhos, ela acaba por ajuda-lo a a manter o filho. E desta relação inusitada, acaba por surgir um amor improvável.

Título original: Mon pire cauchemar * Realização: 
Anne Fontaine * Argumento: Anne Fontaine, Nicolas Mercier * Elenco:  Isabelle Huppert, Benoît Poelvoorde, André Dussollier, Virginie Efira

21.10.14


Como (re)definir um caminho profissional

Todas as experiências profissionais são válidas e têm uma mais valia no nosso percurso. No entanto, há que perceber como integra-las e reutiliza-las de modo a atingir os nossos objectivos. e, mais importante, saber quais são e o que estamos dispostos, ou não, a fazer para atingi-los. O que queremos e como queremos podem até ter respostas fáceis. A mais difícil pode até ser: temos o que necessitamos?
Resistência física (pata períodos de trabalho intenso), resistência ao stress, motivação, ambição, paciência, conhecimentos técnicos, conhecimentos teóricos (e a capacidade de os transpor para a prática), capacidade de análise, avaliação e resposta, diligência, empreendorismo (busca de novas oportunidades), compromisso disciplina, criatividade, rede de relações, disponibilidade de aprendizagem ao longo da vida, mentoria, gestão de tempo, entre outros.

Neste momento, mesmo sentindo que não domino todas estas características, sei que as possuo e que tenho a capacidade de as desenvolver. Por isso, vou procurar embarcar num novo rumo profissional mais consentâneo com os meus desejos e motivações. A ver vamos aonde isso me levará.


20.10.14

Encruzilhadas profissionais

Há cerca de 12 anos, o acaso (uma oferta de trabalho) levou-me à área da juventude. Estando em plena juventude, agradou-me sobremaneira poder trabalhar nesta área abrangente e transversal. Foram quase 10 anos de aprendizagem, empenho e esforço. Já os últimos 2, 3 anos, apesar dos seus momentos altos, que também os houve, pareceram mais uma penosa caminhada para lado nenhum.
O desinteresse institucional, a falta de visão e orientação hierárquica e também a minha consciência que, faça o que faça, nada se alterará num futuro próximo fazem-me querer por um ponto final nesta área de actuação profissional. E, se formos a ver, este nunca será um ponto final, porque o que aprendi será sempre de utilidade para os restantes 30 anos de vida profissional que me restam até à reforma (se ainda a houver quando lá chegar).
A minha formação base é em letras e é a ela que sinto necessidade de regressar. Por isso, também nos últimos três anos, procurei explorar áreas de intersecção entre a minha experiência, a minha formação e as minhas ambições. Julgo ter encontrado essa intersecção na área da promoção da leitura (literacias, fruição, domínio de competências) através de Clubes de Leitura e Oficinas de Escrita. Não tenho a certeza se esse será o meu futuro profissional imediato, mas gostaria que para lá se encaminhasse. Então, de momento, a minha dúvida não é o quê, nem quando, mas sim como.

A resposta até parece simples. Na verdade é. O senão existe, mas não o vou utilizar como desculpa para não avançar. Até porque, nem sempre os nossos receios se concretizam ou, até, quando nos preparamos para eles, estes diminuem drasticamente. 


19.10.14


Teria talvez quatro anos quando, durante as típicas férias de verão na velha casa familiar da província, o seu primo Miguel, com os requintes de malvadez próprios da pré-adolescência, pegou num inofensivo licranço e o colocou dentro do seu vestido. A pele viscosa e o desespero de bicho acuado impregnaram-se de  tal modo na sua memória sensorial que, ainda hoje, o simples avistamento de qualquer réptil próximo de si era suficiente para disparar uma insuportável nosaria no estômago. 
Cecilia Paredes

18.10.14

Tiragem #12

Consulente: sexo masculino, 45 anos
Pergunta: perspectivas profissionais
Tipo de Tiragem: Ferradura Simples
Tiragem: O Papa, Inspiração; 5 de Copas, Medo; Rainha de Paus, Amiga; 4 de Ouros, Realização; O Juízo, Renovação

Proposta de interpretação:
O Papa, Inspiração, na situação actual, pode indicar estagnação e acomodação. Sendo uma carta que aponta para o conhecimento e instrução, sugere que, então, esteja receptivo a novas ideias.
O Medo indicado pelo 5 de Copas refere-se ao sentimento natural sempre que se adivinha um período de transformação ou mudança. Mas, para além de eventuais perdas, há sempre ganhos e aspectos positivos a ressalvar.
A Rainha de Paus, Amiga, sugere que este é o momento oportuno para se dedicar a um novo projecto, com significado pessoal, pois neste momento confluem em si a orientação, confiança e criatividade necessárias para tal.
Embora o 4 de Ouros, Realização, não seja exactamente uma carta positiva, isso serve apenas para o alertar que, consciente ou inconscientemente, você poderá estar a impedir que se adapte aos novos desafios.
O Juízo, Renovação, é uma carta de segundas oportunidades e no fundo representa o inicio de um novo ciclo positivo. Aproveite.

Apreciação geral:

O momento actual é marcado pela estagnação e acomodação. E essa insatisfação é a pedra de toque para apostar no desenvolvimento de um novo projecto, para o qual terá, ainda assim, de vencer algumas resistências pessoais, mas que dará origem a um novo ciclo na sua vida. 



17.10.14


Invernáculo, Paulo Leminski

Brock Davis
Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quando o sentido caminha,
a palavra permanece.
Quem sabe mal digo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é a minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialecto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

16.10.14

Tiragem #11

Consulente: sexo feminino, 40 anos
Pergunta: perspectivas profissionais
Tipo de Tiragem: Ferradura Simples
Tiragem: 7 de Espadas – Segredos;  10 de Espadas – Aflição; Valete de Ouros –Estudante;  6 de Espadas – Isolamento; Rei de Paus - Empreendedor

Proposta de interpretação:
O 7 de Espadas, Segredos, coloca-a numa circunstância dominada por segredos, desonestidade e manipulação. Do ponto de vista interior, deve interrogar-se sobre a veracidade do que a rodeia ou se, de algum modo, é você que está a fugir à verdade.
Seja qual for o caso, você a tingiu um ponto de ruptura e a mudança que necessita será, possivelmente, repentina. O 10 de Espadas aconselha a deixar pesos emocionais para trás e que qualquer mudança implica um sacrifício.
O estudo apontado pelo Valete de Ouros não é mais que a necessidade de traçar objectivos reais e palpáveis. Utilize toda a sua capacidade de análise para identificar oportunidades, mesmo que estas não sejam óbvias.
Numa primeira fase, a mudança não será isentas de confusão e turbulência, dando-lhe a sensação de se sentir perdida. No entanto, esse sentimento de isolamento identificado pelo 6 de Espadas deverá ser utilizado para trilhar o seu caminho.
O Rei de Paus aponta para a capacidade de empreender novos riscos. Você aprendeu com os erros anteriores e agora sente-se capaz de encetar novos desafios.

Apreciação geral:

No geral, a predominância do naipe de espadas indica que se deve apoiar na sua capacidade de raciocínio, análise e definição de objectivo. Para sair da situação actual, terá de abdicar de algo. No entanto, a longo prazo, as oportunidades exploradas serão concretizadas. 




15.10.14

Noiva, mas pouco (2011)

Uma jovem actriz, desejada pela maioria dos homens, decide casar num pequeno lugarejo escocês que serviu de inspiração ao romance do seu noivo. Para despistar os paparazzi, uma jovem local faz-se passar pela noiva numa falsa cerimónia. Mas como em qualquer plano, as coisas não correm como previsto e a jovem local, também ela aspirante a escritora, e o noivo descobrem que têm em comum mais do que julgavam. Já a actriz acaba por encontrar o amor junto da pessoa mais improvável: o paparazzi que mais a perseguia.

Título original: The Decoy Bride * Realização:  Sheree Folkson * Argumento: Neil Jaworski, Sally Phillips * Elenco:  Kelly Macdonald, David Tennant, Alice Eve

14.10.14

As Mulheres deviam vir com Livro de Instruções, M. J. Marmelo

Esta é a minha segunda incursão pela escrita de MJM, tendo a primeira sido há 10 anos com Os Fantasmas de Pessoa, sendo, no entanto, dois registos completamente diferentes.
Como o título indica, e através de uma galeria feminina protagonista de relações amorosas, quiçá inconvencionais, temos um retrato de género em que a mulher é acima de tudo um ser amante (no sentido lato, mas sobre o qual se nos escapam quaisquer explicações coerentes para o modo como agem ou se conformam com determinadas situações.

Edição/reimpressão: 2000 Páginas: 144 Editor: Campo das Letras


13.10.14


Palavras #537 a 539

licranço – s. m. Pequeno réptil anguiforme.
pregnância - (latim praegnantia, -ae, plural neutro de praegnans, -antis, grávido, cheio) s. f. 1. [Psicologia]  No gestaltismo, forma e estabilidade de uma percepção. 2. Qualidade do que causa uma impressão forte.
nosaria - substantivo feminino Muitos nós.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/