De modos
simples e uns quantos monossílabos, Zé Besteiro era, para as gentes de fora, a azémola
da aldeia. Nada lhe importavam opiniões desconhecidas, ou sequer conhecidas. Os
homens são bichos cruéis e por isso escolhera a companhia dos animais que
conduzia de pasto em pasto.
Na aldeia
todos os sabiam avesso ao contacto humano, mas não havia importunos de parte a
parte. Cada pessoa tinha o seu lugar no ecossistema do lugar respeitado
mutuamente. Ainda assim, o Chico da Taberna tinha sempre uma taça de morrão à
espera de quando o Zé Besteiro descesse à aldeia após dias por montes e vales. Zé
ameaçava um sorriso e agradecia com um quase imperceptível aceno de cabeça.
Não se lhe
conheciam nem palavras nem família. Tudo quanto era atinente ao seu passado
tinha, na melhor das hipóteses, desaparecido com o velho pároco em segredo de
confissão.Enzzok |
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