Susana alarmou-se
com a saliência que sentia desenvolver-se no seu interior e que criava no olhar
dos outros a suspeita de uma gravidez. Seria impossível, uma vez que o seu
útero há muito que fora vaticinado como maninho. Mas e se?
Num polvorinho
mental, agendou uma consulta média. Em oposição à sua ansiedade, a Dr.ª Lurdes
escutou calmamente as suas dúvidas, enquanto observava os registos do seu
processo no ecrã do computador. Sabia que em medicina nada era impossível, já a
improbabilidade era imensa. Sem verbalizar qualquer outra hipótese, solicitou
que se deitasse na maca e iniciou o exame palpatório. A saliência era notória
ao tacto, mas em nada compatível com as características de uma gravidez, o que
já o provérbio defendia ser melhor que uma doença má. Não havia escapatória,
foram prescritos exames complementares para despistar duvidas e orientar o rumo
a seguir, caso necessário.
A realização
da ecografia desfez qualquer dúvida quanto a uma possível gravidez. Agora,
quanto à natureza da pequena mancha branca perfeitamente visível só depois de
uma biopsia, e muita ansiedade, se veio a saber: uma inofensiva hidropisia no músculo abdominal. Requeria
apenas uma breve mediação e novos exames complementares para aferir que estava
sanada.
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