Visitei
hoje, creio que pela última vez, a velha Tamargueira.
Há muito que me pesava não haver uma despedida. Não que sejam necessárias
palavras, mas sim esse gesto de dizer adeus a um passado, a um modo de vida.
Lá cresci e
me fiz homem. Lá percebi que o mundo tinha de ter para mim mais do que a locanda do Ti jaquim, onde há gerações
os homens se reúnem e perpetuam histórias que não quero para mim.
Sim,
necessitava voltar. Apenas para encerrar o capitulo desse homem que fui e jamais
conseguiria voltar a ser. Voltei não para o meu adeus, mas para que a própria
aldeia se pudesse despedir do seu filho impródigo. Para que pudesse descansar
do seu intrínseco desejo de sugar os seus homens. Fui para lhe dizer:
perdeste-me. Eu ganhei o mundo.
Feitas as
reverenciais despedidas, parti pela estrada ladeada pelo arbustos que nomeiam a
aldeia. Ao som do motor, alguns adens
levantaram voo. Talvez assustados, talvez apenas curiosos pela ousadia da
partida. Só isso reterei na minha mente: o seu voajar bailado no espelho reflector
do carro.
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