- Nesta casa
já não há crianças, senhor.
- Repito:
que criança dá esta casa?
- Senhor,
todas as nossas crianças pertencem-vos já. A derradeira recolha de imposta
levou-nos a ultima.
Impudente, o
janízaro avançou pelo casebre. Buscava qualquer vestígio de criança, mas nada
lhe dava esse indício. Saiu e sentiu os olhares escondidos oriundos dos outros
casebres.
- Diz-me,
tendes bons vizinhos.
- Senhor,
têm-me sempre dado a mão em horas de aflição.
- Sim, mas
desta feita não será a mão que eu quero.
- Senhor,
não compreendo
- Um deles
há-de pagar o teu imposto. Acertai depois contas com ele.
- Mas,
senhor. Não é justo que alguém pague o que eu não posso pagar.
- Justo? Mas
julgas tu que há justiça no mundo? Também eu sou um imposto cobrado e que
justiça houve nisso? Quererdes justiça? Então, provém o teu próprio imposto. Toma
as abluções que tu e tua mulher achem por bem e mantém os teus impostos em
dia. Pois se justiça não há, só os impostos e a morte podes ter como certos na
vida.
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