Inevitavelmente,
relembrei diversas ceias de Natal desde a infância até agora. Algumas são já
uma amálgama, como as passadas na Póvoa com a família materna, pois os avós
paternos já não eram uma realidade física. Depois, a casa da Póvoa foi-se e ocorreram
diversas alterações. A família passou a alternar o local de reencontro, acolhendo,
consoante o local, outros ramos familiares.
Depois, o
Natal passou a ser em nossa casa ou nos meus irmãos. Os meus tios paternos
passaram a ser presença obrigatória. Os meus irmãos ora jantavam, ora
almoçavam, ora tudo. Mesmo na ausência da minha mãe, e talvez por isso, fazia
sentido estarmos todos juntos. Depois afastamos-nos um pouco. Um afastamento tão
estúpido como o são todos os causados pela nossa incapacidade de lidar com as
rasteiras da vida. E quando alguém deixa de fazer parte da nossa realidade
física parecem ainda mais ridículos. O ano passado foi um ano de ausências. Este ano há um novo membro na família.
As famílias são
assim: estruturas peculiares, sem forma definida ou definível. Por vezes
parecem encolher e logo a seguir renovam-se. Estão em constante transformação e
pobres de nós se as julgamos estáticas. A família, seja de sangue, ou das
pessoas que escolhemos para acompanhar-nos nesta passagem pela vida, é ela
própria uma metáfora e demonstração da renovação da vida. Por isso, o Natal é
uma celebração de e em família, porque ao celebrarmos a vida, celebramos a família.
E no próximo
ano? Aguardemos com serenidade quem se sentará à nossa mesa e quantos mais
melhor.
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