Salman Rushdie. Texto sobre a
leitura. SR salienta o poder do leitor como elemento finalizador de uma
obra. Cada livro é único na mente dos seus leitores e talvez por isso as
comunidades de leitores nos dão essa mais valia: descobrir que outras leituras
emergem de um mesmo texto. Partilho igualmente a sua perspectiva do vulgar
prazer de ler um livro atentamente e ver o que ele nos tem a dizer, de
descobrirmos o nosso livro dentro do livro e de decidirmos, nós próprios,
enquanto leitores, o que pensamos dele. SR chama também a atenção para a deturpação
da linguagem que possibilita a criação da tirania. A modernidade apresenta-se
com uma linguagem de igualdade entre géneros e de legitimidade dos governos seculares
afastados da religião. No entanto, deparamo-nos com uma juventude revoltada
pelas suas expectativas goradas, o que origina extremismos que obstem a validação
das suas ideias a partir de um deus fictício.
Michael Cunningham. Entrevista
de Bruno Vieira Amaral. MC apresenta a ideia de uma diferença entre talento
(natural) e concentração artística, que é a vontade de escrever o melhor que se
consegue. O que me faz pensar se não será este o caso de muitos dos que
pretendem singrar através da escrita. Salienta ainda que “a única certeza que é
válida para a ficção é que não há regras.” Relativamente à proliferação de
cursos de escrita criativa, defende que a sua mais valia não é formar
escritores, mas sim bons leitores, que percebem como é que funcionam os
mecanismos da escrita. E que é uma ideia que também me apraz, pois se o bicho
da escrita existe, não quer necessariamente dizer que ele se cumpra, mas, com
certeza, que nos faz melhores leitores, com uma capacidade analítica acima da
média.
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