Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.7.14

#16 @ 102 em 1002: uma decisão importante

Há muito que sinto necessidade de mudar alguns rumos na minha vida. Tem-me faltado a coragem e, infelizmente, tem vencido a comodidade dos males conhecidos. Mas chega o momento em que já não é possível contornar o mal estar que as situações nos causam. Neste momento (e este momento já se arrasta há mais de 2 anos) necessito de uma mudança profissional.
Adoro o meu trabalho e o seu potencial. No entanto, instituicionalmente, é uma área bastarda que fica bem existir no papel, mas que ninguém tem interesse ou coragem de reformular ou cessar. Como tal, acaba por ser uma ancora que nos prende a um futuro sem perspectivas. Tentei durante muito tempo fazer parte da solução e aguentar o barco. Mas a situação não é solução para ninguém e muito menos para mim. Neste momento, acho que a única maneira de mudar as circunstâncias é mesmo a minha ruptura. Se o barco for ao fundo é porque tem de ir. Se houver a mudança necessária é porque era eu que a impedia. Seja qual for o resultado, só poderá ser benéfico.
Sinto necessidade de voltar a ir com gosto para o meu local de trabalho. De sentir que faço algo com sentido e com utilidade. E como as circunstancias não irão mudar por elas, tenho eu de agir no sentido da sua mudança. E a mudança é a minha ruptura.

30.7.14

Os guardiões (2009)

Adaptação ao cinema deste bando, imortalizado na novela gráfica homónima, que para salvar o mundo tem de fazer escolhas individuais difíceis que envolvem perdão e sacrifício. Para quem não é aficionado por super-heróis fica sobretudo o aspecto visual e alguns clichés.
Título original: Watchmen * Realização:  Zack Snyder * Argumento: David Hayter e Alex Tse * Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Carla Gugino, Billy Crudup e Jeffrey Dean Morgan

29.7.14

Bagagem pesada

Demasiadas vezes arrastamos atrás de nós o peso do passado, das decisões, dos erros. O peso é tanto que nos mobiliza e impede de seguir em frente, seja em que direcção for.
Ando demasiado carregada, há demasiado tempo. Necessito libertar-me de todo esse peso, soltar amarrar e avançar. Não sei se no caminho certo, mas pelo menos à sua procura.

28.7.14

10 anos #3 (Fev. 2004)

Retomando o balanço do meu registo internáutico, saliento três registos dominantes em Fevereiro de 2004:
  • Ethan Hawke – Tive o meu primeiro contacto com a obra escrita de EH, mais conhecido pelo seu trabalho como actor e dos qual se destaca a trilogia Antes de..., em colaboração com a actriz francesa Julie Delpy e o realizador Linklater, que acompanha os protagonistas ao longo de 20 anos. Quarta-feira de Cinzas e o Estado Mais Quente revelam um autor sensível, fruto de uma geração em que se procura uma relação com sentido e um sentido para as relações. Se há 10 anos me parecia que iria continuar a sua leitura, a verdade é que nunca mais me dediquei a este autor. Seria interessante perceber como terá evoluído a sua escrita, no enanto, pelo que percebo, terá apenas escrito mais um livro.
  • Mil Folhas – o suplemento Mil Folhas do jornal O Público fazia parte da minha rotina informativa. Tendo sido “descontinuado”, hoje fazem parte da minha rotina a consulta online do Ípsilon e do P3. Em papel, continuo com o Jornal de Letras e a Ler, apesar das alterações na periodicidade.
  • Jô Soares – É bom recordar este espectáculo, e a companhia do amigo Paulo Gomes, em que um homem enche todo o palco do CCB. Que bom seria rever este, ou outro, espectáculo desse grande mestre do humor.

27.7.14

Há muito que se aperceber, mas não o quisera assumir, nem para si, para não o tornar irreversível: a sua sensibilidade para com as desgraças alheias ficará gradualmente embotada.
Nunca pensara nessa consequência quando aceitou o cargo de aguazil. Mas foi a forma que encontrou para manter uma certa sanidade perante as exigências diárias do cargo. Sendo impossível atender satisfatoriamente todos os casos, tinha o ónus de seleccionar os que realmente solucionar. E, mal comparando, tinha de transformar mentalmente os restantes numa espécie de colza inerente ao cargo.

26.7.14

Como poderei definir-me? Seria tarefa fácil se pertencesse a essa categoria de homens a que chamamos definidores. Mas não tenho definições para nada nem ninguém neste mundo e neste tempo. E haverá definição possível para um homem que se procura encontrar e talvez também encontrar um semelhante. Creio ser somente uma grande indefinição. Incapaz de definir o presente, indefinível por natureza, indefinido por pretérito.

25.7.14

Nunca mais, Sophia de Mello Breyner Andersen

Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
 
Alberto Emiliano Seveso
 

24.7.14

Terror ao Pequeno-Almoço, Rui Grilo, José Manuel Fonseca e João Vieira da Cunha

Na minha senda de desenvolver competências de gestão, dediquei-me à leitura deste pequeno volume que reúne crónicas dos autores publicadas na imprensa económica. O que retirei desta leitura:

  • As instituições são todas iguais, ou seja, independentemente da visão exterior que se tenha, todas se debatem com as mesmas contradições;
  • Todos sabem que os RH devem ser priorizados, mas acabam por ser preteridos em função dos resultados;
  • Gerir é um trabalho sem pausa que desafia a nossa identidade, pois implica decisões constantes que envolvem confiança (que mais facilmente se perde do que ganha); tempo (sobre o qual temos de priorizar); tipos de liderança (o que pode ser esquizofrénico); e a mais que provável frustração pela inconjugabilidade de todos estes a mais alguns factores;
  • Não há manual que nos prepare para a gestão/liderança desejada/necessária porque quem assume está sempre no fio da navalha entre o que lhe é exigido, o que tem capacidade de dar e o modo como consegue obter os resultados necessários dos seus colaboradores.

A mais valia deste volume é que não nos apresenta fórmulas vencedoras, mas o modo como, na realidade, as instituições e os seus gestores actuam, o que está muito longe de ser como deveriam actuar. Ou seja, uma visão realista onde se salava a capacidade de rir de tudo isto.

23.7.14

Mulheres! (2008)

As histórias de diversas mulheres cruzam-se espelhando as suas múltiplas perspectivas pessoais, profissionais e familiares, tendo como fio condutor o dilema de Ryan, uma mulher traída que ao conhecer a amante do marido vai rever as suas atitudes, sentimentos e escolhas.

Título original: The Women * Realização:
Diane English * Argumento: Diane English e  Clare Boothe Luce * Elenco: Meg Ryan, Eva Mendes, Annette Bening, Debra Messing, Jada Pinkett Smith, Bette Midler, Candice Bergen, Carrie Fisher e Cloris Leachman

22.7.14

Palavras #519 a 521

dissensão - (latim dissensio, -onis) s. f. 1. Diversidade de opiniões. 2. Desavença, divergência; contraste.
prosopagnosia - (prosopo- + agnosia) s.f. [Medicina] Perda ou perturbação da capacidade de reconhecer rostos.
actuário - (latim actuarius, -ii, escrivão) s. m. 1. Redactor dos discursos feitos no senado romano e outras assembleias. 2. Pessoa que faz os cálculos respeitantes a seguros.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo

21.7.14

As mulheres são engenhos de multiplicar homens. O que eram, o que se tornam, o que se poderiam tornar (acaso se cruzassem com uma outra mulher), o que não têm coragem de se tornar. E estes são os que se cruzam.
Não falemos sequer dos que são gerados a partir da sua ínfima célula. O que é um homem sem as mulheres que o enformam, conformam, deformam, formam.
O que é a mulher sem o barro maleável que é o homem?

Kurasov

20.7.14

Hannah agradeceu o facto da suave cenda proteger o seu rosto, impedindo que os participantes descobrissem quem estava na origem de tão baixo tabuismo. Não era razão para tanto, mas espera-se que uma jovem domine apenas algumas qualidades, sendo a dança uma delas. No entanto, não havia como atinar com o ritmo da mazurca.

Javier Perez

18.7.14

Para atravessar contigo o deserto do mundo, Sophia de Mello Breyner Andresen

 
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
 
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
 
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
 
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
 
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

17.7.14

Todas as minhas cicatrizes são interiores. Na mente ou naquilo que alguns chamam alma, no coração, nas crenças, nos sonhos. Os golpes desferidos foram duros, alguns deceparam parte de mim. No seu lugar renasceram outras perspectivas, outros desejos. Algumas são feitas de memórias e saudade, mas tudo permanece em mim. Cada marca indelével é uma vitória dorida contra as agressões externas. Cada uma corresponde a um recomeçar e o que não nos derrota, torna-nos mais fortes.

16.7.14

A Namorada do Meu Melhor Amigo (2008)

um encantador de mulheres faz com que estas se apaixonem para depois se transformar num cretino e preparar a aproximação dos seus antigos namorados. Um verdadeiro profissional até ao momento que se apaixona por uma das suas encomendas. Well, há comédias bem melhores sobre as desventuras do dating game e esta não acrescenta nada nem à fórmula nem aos intérpretes do costume.

Título original: My Best Friend's Girl * Realização: Howard Deutch * Argumento: Jordan Cahan * Elenco: Kate Hudson, Dane Cook, Jason Biggs, Alec Baldwin

15.7.14

#5 – não mereço

O erro, a perda e a consequente sensação que falhamos levam-nos a que muitas vezes achemos que não merecemos algo. Alguns erros de decisão levaram a que sofresse elevadas perdas materiais que ainda hoje, e no futuro, terão um grande peso no meu modo de vida. Uma das coisas que perdi foi exactamente um modo e um projecto de vida. Como tal, um dos meus desafios diários é combater o sentimento de falhanço.
É um sentimento que tem melhorado mas que está longe de estar erradicado. É um processo gradual cujo único garante é acreditar que vai melhorar, mesmo que não chegue alguma vez a ser ultrapassado por completo.
Tenho trabalhado, e muito, para o ultrapassar, porque só eu o posso conseguir. Esse esforço tem dado frutos em algumas áreas e isso aumento a minha auto-estima e a confiança que tenho nas minhas competências e capacidades. Ainda não é transversal a toda a minha vida, mas para lá caminho e já me considero merecedora, por exemplo, de outro tipo de reconhecimento profissional. Este é um passo para que risque outros não merecimentos que me têm acompanhado. Pois, como sempre que um desafio nos parece demasiado avassalador, temos de ir por partes. Esta foi a primeira, restam as seguintes.

14.7.14

20 minutos para mudar a nossa vida

A nossa vida pode mudar de um momento para o outro. Embora o saibamos, temos tendência pra esquecer esse facto e raras são as vezes em temos consciência da mudança no exacto momento.
Hoje, a minha vida não mudou repentinamente. Mas a verdade é que tive acesso a 20 minutos que poderão transformar-se numa grande mudança daqui a uns meses. Apresentei-me para a última fase de um processo de selecção: a entrevista profissional.
Na fase anterior fiquei bem posicionada, por isso uma das vagas disponíveis está perfeitamente ao meu alcance. Necessitava fazer uma boa prestação para me bastar a mim própria em termos de classificação. A minha dificuldade não era tanto saber o que responder, pois preparei várias questões possíveis, mas sim vencer a minha ansiedade. Creio que a minha última entrevista foi há mais de 8 anos e sei que tão cedo não terei uma oportunidade como esta. Saber que cabe a nós mudar a nossa vida e que para tal bastam uns quantos 20 minutos pode ser avassalador.
Não fiz uma entrevista perfeita. E só os entrevistadores podem dizer (e dirão) se cumpri os seus requisitos. Mas fiquei satisfeita com a minha prestação. Se é suficiente ou não, não depende só de mim. Por agora resta-me aguardar pelos resultados com a consciência do empenho e dedicação que dediquei a este processo.
 

13.7.14

Georg deveria levar a carroça até à fortificação existente no penedo cimeiro. Ao redor desta abunda erva que manterá os animais alimentados nos próximos dias. Tudo o que terá de fazer é levar o garavanço e recolher o que conseguir. Mas hoje, antes de iniciar a tarefa, subiu ao cimo da fortificação para, através das troneiras, observar o vale. Ao faze-lo não pode deixar de admirar os pormenores da construção: medidas, mísulas, arcadas, torreões.
 

12.7.14

Sobre o compromisso

... e viveram felizes para sempre. Viveram? Sempre ? felizes?
O que marca a maioridade não é a autonomia financeira, nem a tomada de responsabilidades, nem seque um qualquer marco etário. É a compreensão e a consciência de que não há felicidade eterna seja em que relacionamento for: familiar, profissional, amoroso.
Qualquer compromisso que assumamos vai ter os seus momentos bons e os seus momentos de crise. Alguns resolverão a crise com a cessação (brusca ou gradual) da relação. Outros encontrarão forma de, apesar da mudança, continuar a encontrar mais-valias na mesma. Visto assim, os relacionamentos assemelham-se a um negócio. E são. Apenas não há trocas financeiras ou monetárias envolvidas. Mas todos sabemos, embora não queiramos admitir, que qualquer relacionamento prossupõem uma troca (de vivências, de sentimentos, de companhia) e estes têm o seu prazo de validade definido pela capacidade que as pessoas envolvidas têm de contribuir e receber algo do qual afiram um resultado positivo. Quando esse resultado se torna negativo é hora de mudar o relacionamento cessando-o ou transformando-o.
Ao assumirmos um compromisso estamos somente a estabelecer uma clausula de segurança, segundo a qual os envolvidos se comprometem a não ceder à saída mais fácil: a cessação. O compromisso não é o objectivo final. É a manifestação de intenção em dar tempo ao tempo, em encontrar soluções, em adaptarmo-nos às situações futuras e que fragilizarão a relação. O compromisso é a manifestação de empenho numa solução satisfatória para os envolvidos mediante ameaças e circunstâncias inesperadas.
Felizes os que se comprometem cientes de que tudo muda, nem sempre do modo desejado, mas que estamos dispostos a ser o porto de abrigo para quem queremos que seja o nosso.

11.7.14

Eu quero uma licença de dormir, Adélia Prado

Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes. (Exausto)
 
Arteide
 

10.7.14

Entre Irmãs (2011)

Pode um homem minar a relação entre duas irmãs? Não, mas pode beliscar.
Durante um fim-de-semana inusitado, Duplass conhece DeWitt, a irmã da sua paixão inconfessável e que considera inacessível. Os desabafos regados a muita bebida acabam na cama. Blunt surpreende o envolvimento e a partir daqui os três começam a por os pontos nos is sentimentais: afinal, o interesse entre Duplass e Blunt é reciproco. Por sua vez, DeWitt, lésbica, usou Duplass para conceber o desejado filho. No fim todos saem a ganhar, apesar da inconvencionalidade da relação.

Título original: Your Sister's Sister * Realização e Argumento: Lynn Shelton * Elenco: Mark Duplass, Emily Blunt, Rosemarie DeWitt

9.7.14

Definição de objectivos de desenvolvimento pessoal

Como definir de forma SMART um objectivo de desenvolvimento pessoal? Como se quantifica a auto-estima? É possível percentualizar a regulação emocional? Conseguirei, até Setembro, aumentar a minha capacidade de liderar? Qual o primeiro passo a confiança?

8.7.14

Palavras #516 a 518

tabuísmo - (tabu + -ismo) s.m. [Linguística] Palavra ou expressão considerada grosseira, obscena ou ofensiva. = PALAVRÃO
cendal s. m. 1. Tecido fino; véu. 2. [Antigo] Guarnição própria para vestidos.
mazurcas. f. Dança ou música polaca, a três tempos.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

7.7.14

Amigos, Amigos... Sexo à Parte (2011)

Dois amigos de longa data decidem ter um filho em conjunto e assim cumprir o desejo da parentalidade sem as complicações de uma relação afectiva. Mas a história não seria digna de filme se depois dos necessários desencontros e amadurecimentos não constatassem que afinal o que os unia era mais do que uma profunda amizade.

Título original: Friends with Kids * Realização e Argumento: Jennifer Westfeldt * Elenco: Jennifer Westfeldt, Adam Scott, Maya Rudolph Kristen Wiig Jon Hamm

6.7.14

Georg tentou abrigar-se da secura do bora enquanto procurava repor o eixo no meão da roda. Não levava nada de calor, mas uma carroça ainda que vela tem o seu valor. Dai sentir-se tão inerme naquele caminho solitário.
Chase Jackson

4.7.14

E por que haverias de querer minha alma, Hilda Hist

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras liquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Krzysztof Izdebski

3.7.14

Penelope (2006)

Uma jovem oriunda de uma família aristocrática amaldiçoada nasce com um focinho de porco. Demasiado protegida pelos pais, cresce na crença de que só o casamento acabará com a maldição. Após os 18 anos enceta uma inesgotável busca por alguém que a aceite como é, até descobrir que a única pessoa que tem de a aceitar é ela própria. Só assim consegue quebrar a maldição e aceitar o amor.
História de encantar em tempos modernos e uma breve reflexão sobre a beleza e o seu peso no modo como desenvolvemos os nossos afectos. Só quando nos aceitamos é que somos capazes de nos dar e também aceitar os outros.

2.7.14

#6 – não faz parte da minha natureza

Não sou uma líder nata. No entanto, para atingir determinados objectivos, compreendo que tenha de desempenhar um papel de chefia. Nesse sentido, tenho procurado preparar-me para o desafio, embora a distância entre a preparação e a realidade por vezes me pareça demasiada para o meu passo.
A minha melhor preparação passa pela observação de quem desempenha esse papel e o modo como ajustam a sua actuação às situações, aos subordinados e aos superiores hierárquicos. Das várias aprendizagens percebo que a liderança depende, entre outras, de:
- o grau de hierarquia desempenhado;
- a equipa disponível (que é muito diferente de uma equipa criada e seleccionada para o efeito a que nos propomos);
- os objectivos estipulados;
- os tempos de resposta necessários aos desafios previstos e, sobretudo, aos imprevistos;
- a imagem junto dos públicos directos e indirectos.
Estas variantes tornam o desempenho da função complexo e a verdade é que esta complexidade nunca permite um momento de pausa, por vezes necessário ao recarregar de baterias e de distanciamento necessário ao ganho de perspectiva sobre os desafios a enfrentar.
Outra dificuldade inerente à função deve-se ao facto que muitos dos seus detentores o considerarem perpétuo e como tal abusam do mesmo. Mas, a não ser numa empresa particular em que o dono seja o chefe, qualquer cargo de chefia é temporário e muitas vezes umas vezes somos chefiados e outras chefiamos. E ao assumirmos essa função não podemos perder o respeito de e por com quem trabalhamos e que procuram fazer o seu melhor e cumprir as suas responsabilidades. E quando nos deparamos com pessoas inlideráveis, por vezes o melhor é dar algum tipo de poder sobre si mesmos, chegando a ser irónico como prontamente abdicam dessa complexidade.
E chefiar é realmente diferente de liderar. Por isso, há quem até seja um bom chefe, mas não seja um bom líder. Quanto às dream teams, elas existem mas precisam de tempo, por vezes de meios, e às vezes até de se renovar.
Voltando à minha não predisposição natural para a liderança, a verdade é que cada vez respeito mais quem desempenha este papel com coerência e com honestidade. Também por isso passei a ter menos respeito por outras pessoas. É um papel ingrato, pois a critica está sempre pronta a ser usada contra nós embora o reconhecimento pelos acertos passe quase sempre ao lado. É uma função de pressão: do(s) público(s), dos superiores, dos subordinados, e de nós próprios, quando queremos dar o melhor de nós e nos constatamos aquém das expectativas de todos. Mas, por vezes, o mais terrível é ficarmos aquém de nós próprios.

1.7.14

Pergunto-me quem mais terá partilhado as minhas leituras silenciosas. Terão as mesmas palavras ecos semelhantes noutras vidas, experiências, sensibilidades.

Deixo em cada livro a marca da minha leitura em diversos sublinhados a lápis: palavras que desconheço, excertos, ideias que me surpreendem ou que confirmam os meus valores e orientações. De certa forma, é como se passasse um testemunho ao leitor que se segue. E se me apraz deixar este lastro, também gosto de encontrar outros testemunhos e através deles perceber interesses e motivações.

Hoje, sou surpreendida pelo sublinhado a caneta verde. Não que considere ético sublinhar a caneta um livro que não seja nosso, mas este leitor decidiu registar-se para a posteridade até à página 27. Apenas. Que terá acontecido nessa página? Desistiu, acabou o empréstimo ou simplesmente o seu período de leitura numa das salas do Palácio Galveias. Agora a questão que resta é: em que outros livros deixaste a tua marca verde?