Na minha infância
a palavra retornado tinha um sentido depreciativo cujo significado desconhecia
e que me parecia incompreensível. Hoje, em posse do seu significado histórico,
penso que são poucos os que compreendem a dimensão humana do retorno. E penso
também que estamos actualmente a assistir a um novo retorno (mais doméstico, é
certo) de muitas famílias jovens a casa dos seus pais ou outros familiares. O desemprego,
o trabalho precário, a incapacidade e incumprimento financeiro que
impossibilita ou termina quaisquer perspectivas de estabilidade, transformando
sonhos em pesadelos. E se há uma geração de jovens que buscam o estrangeiro
como solução para cumprir as suas perspectivas de futuro, há também aqueles
para quem essa não é sequer uma opção, pois a única rede de apoio é ainda quem
os acolhe aqui. Que futuro
para estes retornados? Como irão alguns deles recuperar os seus sonhos, a sua
auto-estima e até a dignidade que julgam roubada.
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