Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

30.12.10

# 48 @ 101 em 1001

Bem este ano resolvi contestar o uso de lingerie azul no início de ano e optei pela cor vermelha. Depois de alguma procura (na verdade nunca gostei muito de lingerie vermelha) lá encontrei algo muito simples e a meu gosto para celebrar o novo ano, que se quer Red, Hot & … (aceitam-se sugestões!)

29.12.10

Alma de Pássaro, M. Rebelo Pinto

Sou o que considero uma leitora atrasada: raramente leio novidades literárias e demoro anos para, pela primeira vez, pegar num autor de quem já toda a gente disse tudo o que havia para dizer. Neste contexto, cheguei, finalmente, à minha primeira leitura de Margarida Rebelo Pinto.
A minha apreciação é que a sua escrita é escorreita, de leitura rápida e que capta a linguagem quotidiana, o que gostei. O que não apreciei é a “análise” superficial das personagens. É verdade que retrata pessoas que todos nós conhecemos dos nossos círculos sociais e, desse modo, são extremamente contemporâneas. Mas também são muito lineares na sua construção e desenvolvimento.
Embora esteja longe de qualquer top de preferências pessoais, gostei e voltarei a ler MRP pelo menos mais uma vez, paraaferir a sua eventual capacidade de variar estilos de escrita. Seja como for, há que tirar o chapéu à senhora: vende como poucos no mercado editorial nacional.

28.12.10

Diálogo de partida

- vais ficar com ele?
- não. Não vou.
- queres que tentemos novamente?
- não, também não. Vou ficar só. Apenas isso. Isto não é uma competição entre vocês.
- eu sei, aliás se fosse eu recusava. Amei, e, apesar de tudo, ainda de amo, mas recuso-me a competir.
- já disse: não há competição.
Arrumei algumas roupas num saco de viagem e alguns produtos de higiene intima.
-para ti podem ser só palavras, mas, acredita, lamento. Não merecias.
- então, então, porquê? Porque é que te meteste na cama com ele?
- porquê… olha porque as coisas não estavam bem entre nós, porque já nem tentávamos nada para que melhorasse, porque me soube bem o galanteio, porque me fez sentir de novo o desejo e o prazer de ser desejada, porque o proibido tem uma adrenalina altamente aliciante, porque pensei que fosse encontrar o que não sabia ao certo que faltava, porque achei que não tinha nada a perder, por tantas coisas como vês.
- valeu a pena?
- não sei responder nem vou tentar descobri. O que está feito, feito está e, é verdade, mudou tudo. Agora, vou apenas seguir em frente com esta mudança.
- de entre todos esses porquês, algum foi amor?
- amor, como nós tivemos? Não. Gosto dele, como se gosta, sei lá, de um irmão mais novo. Bem irmão, não, talvez um primo. Percebes?
- continuo a perguntar-me porquê, o que é que viste nele?
- vi apenas alguém diferente de nós, sem a nossa história, sem aquilo que conhecemos um do outro. Uma página em branco sem passado. O novo. Só que percebi que se o que faltava não se devia só a ti e também não o encontrei com ele, então é em mim que o necessito descobrir e não vai ser com nenhum dos dois que o vou fazer. Vou fazê-lo sozinha, vou encontrar o que me falta, demore dias ou meses, mas vou fazê-lo.

27.12.10

as canções que escreveria... #3

Deixa-me rir Afinal a história é minha
Falo da festa, do Sol e do prazer
Mas nunca aceitei o convite
Tenho medo de me dar
E não é meu o que queres comprar

Deixa-me rir
já lambi muitas lágrimas
Conheço os cambiantes do seu sabor
E tu nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não te vou falar de amor

Pois é , pois é
tenho vivido escondida a vida inteira
Domingo sei de cor
O que vou dizer Segunda-Feira

Deixa-me rir
Nunca perscrutei esse engenho
De que falam com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Não queiras entrar em mim
nem Ser meu mestre nem por um instante
não te vou dar a chave do meu refúgio
as minhas mãos já são quentes
E a máscara aconchegante
Deixa-me rir, Jorge Palma

 
Deixa-me rir, Jorge Palma

26.12.10

Os Estados Carenciais, Ângela Vallvey

Segundo Schopenhauer, a vida divide-se: no que representamos, no que temos e no que somos. É com base nesta divisão que a autora espanhola Ângela Vallvey estrutura e analisa Os Estados Carenciais de uma série de personagens na Madrid Moderna, personagens essas cujo objectivo é perceber o que é e atingir a felicidade.
No cerne do enredo, temos um casal – Ulisses e Penélope, o casal clássico revisitado e adaptado à sociedade actual – e os seus (des)encontros amorosos, familiares e profissionais. Mas as referências clássicas não terminam aqui: são elas que dão o mote para todo o desenrolar desta história de aceitação, perdão, emancipação e esperança.

25.12.10

Madagáscar 2

Uma divertida mistura entre Rei Leão, Joe vs the Vulcano, Lost e outros tantos!

Penguins Rule!

Juliano, ma crazy man!

24.12.10

"Não é uma coisa só.
São muitas coisas nuas.

Não é o desabar de uma casa.
É percorrer os seus escombros.

Não é aguardar por um filho.
É voltar a sê-lo.

Não é penetrar em ti.
É sair de mim.

Não é pedir-te que faças.
É fazer-te.

Não é dormir lado a lado.
É estar jacente de mãos dadas.

Não é ouvir vento e chuva.
É franquear-lhes a cama.

E relâmpago que pela terra se funde.

"Luz Fraterna" - António Osório
Descoberto via Trama

23.12.10

O 1º Beijo

O primeiro beijo é aspirado pelas raparigas com um misto de ansiedade e ilusão de que é mágico como em quaisquer filmes Disney ou outras comédias românticas. Mas este, como outras primeiras vezes na vida, nem sempre têm a magia que julgamos.
O meu primeiro beijo foram na verdade dois: o técnico, com troca de salivas inesperadas, e o mágico, com troca de calores e línguas e carícias e…
O Miguel foi meu colega de escola durante anos e nunca conseguiu esconder que gostava de mim. Prestes a cada um seguir diferentes rumos, e porque já quase toda a gente em meu redor namorava, resolvi aproveitar (oportunista!) aquele tão prestável colaborador. E o primeiro beijo lá aconteceu à entrada de um prédio vizinho, de olhos bem abertos, e com muitas salivas inesperadas. E depois houve o 2º e o 3º e o 4º e lá entre o 5º e o 6º resolvi que não íamos a lado nenhum e que o melhor era mesmo cada um seguir o seu caminho. Perdi um óptimo amigo e comecei a minha trajectória de certa insensibilidade para com os homens.
O Nelson era colega de faculdade da Susana, uma das minhas melhores amigos e era normal, de quando a quando, sairmos todos juntos. O Nelson era moreno (e eu sempre tive mais do que um fraquinho por morenos), bem humorado e diferente dos restantes rapazes que conhecia. No final do curso, fomos festejar num novo bar e os ânimos estavam ao rubro. Após dançarmos um bom bocado em que nos fomos aproximando gradualmente, o inevitável aconteceu. E eu, singelamente à espera de algumas salivas menos apropriadas, fui surpreendida por tudo aqui que imaginava ser um beijo.
É uma das minhas mais caras memórias e ainda hoje, sempre que um beijo não é lá grande coisa, recordo o longínquo prazer de beijar o Nelson.

22.12.10

SACIAMENTO E PAZ

Vulcão ativo que és, com teu inesgotável amor
Explodindo no cume das nossas existências,
Ejaculas larvas de dentro de tua medula;
Larvas que o fogo das lavas não matou.

Elas lavram o campo de nossas esperanças;
Transmutam-se em borboletas coesas,
Lavam nossos ventres impuros e estéreis
E, sem dor, nos engravidam de trigo e trégua.


Oswaldo Antônio Begiato
Publicado no Recanto das Letras em 23/08/2010

21.12.10

A bolsa da amizade

Qualquer mulher deve transportar consigo o que denomino a bolsa da amizade. Nunca se sabe quando a oportunidade surge, mas quando surge devemos estar devidamente preparadas para não deixa-la escapar.
A minha bolsa da amizade contem: um par de cuecas, 3 preservativos e mais umas quantas toalhitas intimas (que belas invenções humanas!).
Ok, é preciso sorte para utilizar todos os preservativos numa noite, mas também não é impossível. Até porque nunca sabemos até que ponto a sorte está do nosso lado! ;)’ Seja como for, faço-me acompanhar da minha bolsa – vermelha, comme il faut – porque nunca se sabe o que se pode seguir a um café, um jantar, ou um chá à beira Tejo.
Meninas, como é a vossa bolsa?

20.12.10

Máxima do Dia

Chefe que trabalha durante as férias é competente.
Funcionário que trabalha durante as férias é parvo.
C.C.

19.12.10

The dark side, not of the moon

Não só a lua tem o seu lado negro e até já o Rui Veloso o cantou. Embora todos o tentemos ocultar de olhares alheios, o lado negro permanece no fundo do nosso olhar e o meu está prestes a emergir. Wait and see…

16.12.10

E assim acontece...

O Acontece foi para mim uma escola de como se pode falar de cultura e arte sem pedantismos e falsos moralismos estéticos. Obrigado!

14.12.10

A igreja

Estava mal iluminada àquela hora e com o frio da noite, ninguém circulava no adro, nem nas ruas contíguas. Ninguém, ninguém excepto nós, que encontrámos nesse frio e nesse escuro o momento para os nossos corpos se unirem e saciarem.

13.12.10

JIP recebe reconhecimento pelo projecto de arquitectura

Agualva-Cacém, ou simplesmente Cacém, não costuma protagonizar notícias pelos melhores motivos, mas de quando em quando há-os. As páginas do Público de Sábado brindam-nos com a notícia de que o projecto de arquitectura do JIP - Jardim de Infância Popular, da autoria dos arquitectos Nadir Bonaccorso e Sónia Silva, recebeu um prémio. É bom ver o nosso pedaço de terra protagonista de boas notícias. Venham mais!

12.12.10

Iron Man

A fórmula é conhecida: um playboy multimilionário – da indústria de armamento -, após um acidente quase fatal, decide dedicar todo o seu conhecimento e riqueza para o bem. Com todos os ingredientes de um blockbuster, Iron Man é um bom produto de entretenimento cozinhado por Jon Favreau e a que a interpretação de Robert Downey é a cereja no topo do bolo.

11.12.10

O estranho caso de Benjamin Button, F.S. Fitzgerald

Do conto fantástico russo, passamos ao conto fantástico americano, pela mão de F. S. Fitzgerald. Deste autor conhecia apenas alguns trechos de The Great Gatsby, lidos para efeitos de explicações, e a sua prosa não me aliciou.
No conjunto de 4 contos que incorporam este volume (O Diamente tão Grande Como o Ritz, O Estranho Caso de Benjamin Button, O Tarquinio de Cheapside e ÓBruxa de Cabelos Vermelhos), não não foi aprosa que me aliciou, mas sim o enredo dos mesmos. São contos fantásticos no sentido tradicional e tornam-se apelativos pela imaginação e colorido das situações e personagens.
O conto que dá título ao volume tornou-se conhecido através da sua adaptação recente ao cinema, protagonizada por Brad Pitt, mas que ainda não tive oportunidade de ver. Mas a minha leitura permite-me concluir que as duas histórias são bastante diferentes, sendo o filme bastante mais romantizado.

10.12.10

Indiana Jones e a Caveira de Cristal

O meu herói de criança e adolescência foi sempre Indiana Jones, tanto que nas minhas redacções de primária sobre o que queríamos ser quando fossemos grandes a escolha natural era: arqueóloga. E lá me via com uma roupa cool a percorrer o mundo em mil e uma aventuras a descobrir segredos da humanidade que até aí ninguém tinha conseguido. É claro que depois cresci e os cavaleiros jedi começaram a ser também interessantes, mas IJ continua a ser o meu modelo de herói: inteligente, que passa à acção sempre que necessário, sem medo de pelo meio destruir uns quantos tesouros históricos.
IJ entrou no nosso imaginário em 1981 com Os Salteadores da Arca Perdida, ao qual se seguiu o mais sorumbático Templo Perdido em 1984. Em 1989, Jones é acompanhado pelo seu pai na Grande Cruzada, na qual ficamos a saber algo mais do seu passado. O seu passado foi depois explorado na televisão na série de 1992, Crónicas de Juventude. Mas como os heróis são sempre heróis, Spielberg ressuscitou a personagem em 2008, nesta Caveira de Cristal, mostrando que, apesar da idade, quer IJ, quer Harrison Ford, ainda estão para as curvas, piscando ainda o olho a futuras sequelas. A passagem de testemunho é assegurada com um novo personagem, Henry Jones III, interpretado por Shea Labeouf, com cartas já dadas em filmes de acção como Transformers.
IJ e a Caveira de Cristal traz-nos o nosso herói de sempre e apesar dos exageros (vá, liberdades criativas) das cenas de acção, não nos sentimos defraudados. IJ ainda é IJ.
(E a Karen Allen continua a ser a dona dos mais belos olhos do cinema.)

9.12.10

O que escolhe ou o que se escolhe em nós quando escolhemos é um belo mistério. Para aqueles que sabem que há um mistério nisso, claro. Esses que sabem não perguntam porquê, dispõem-se a ouvir uma história, talvez até a acompanhar-nos na nossa história. Não perguntam por razões, sabem que as razões não explicam o essencial. Os outros — bem, os outros ajuízam. O tribunal do senso comum, ou pior ainda, a estupidez do completo auto-desconhecimento de si mesmos.
Luís Mourão, in Manchas

7.12.10

O que mais aprecio na blogosfera são as inesperadas descobertas que me permite fazer. Através do Poplex, da Rachelet, descobri a fotografia de Jan von Holleben

Holleben, The Hokusay

Holleben, The Mondrian

6.12.10

O verão

O verão tem destas coisas. O calor atravessa-nos a pele, o sol promete-nos dias cheios e luminosos. É tempo de promessas , esperanças, palavras soltas, e desejos inconsequentes.

5.12.10

A Punição

Quando se me apresentou a possibilidade de concretizar algumas expectativas de vida, revoltei-me contra o seu proponente. Puni-o. Não merecia. Afinal, quem defraudou as minhas expectativas fui eu, mas é mais fácil revoltar-nos contra outros do que nós próprios. Quando o tempo permitiu o distanciamento necessário, percebi que o erro era meu, a revolta é minha.

4.12.10

O último airbender

O último filme de M . Night Shyamalan, embora visualmente aliciante – factor potencializado pelo 3D -, é, em termos de enredo, o menos cativante da sua filmografia. Baseado numa saga de novelas gráficas, este filme destina-se a um público maioritariamente infanto-juvenil.
A sua história baseia-se na mitologia oriental e possui elementos que recordamos de outras histórias: o escolhido, o filho renegado pelo pai, a missão, os poderes desconhecidos. Concebido em episódios, resta-nos aguardar pelo(s) restante(s), embora não seja difícil adivinhar o desfecho do(s) mesmo(s), e esperar que não sofram da edição aos supetões deste.

3.12.10

Reconhecimento

Estugo o passo e subo pelo carreiro íngreme e enrugado pelas raízes das árvores que ensombram a marcha. A humidade abafa a respiração profunda e o vento sussurra ligeiros murmúrios de solidão.

2.12.10

Cyberdate

Sentei-me no café, numa mesa com plana visão sobre a entrada, que me permitisse perceber a sua chegada. Não é exactamente um hábito arreigado, mas de quando em quando apetece-me marcar encontros com estranhos através da net.
Fico com uma imagem panorâmica de toda a área de restauração. Não tenho qualquer pretensão amorosa, apenas satisfazer um apetite sexual que se acumula durante demasiado longas abstinências.
Sentada, pedi um panaché, algo que descontraísse, mas tão estupidamente fraco que me mantenha lúcida Escolho, como mandam as regras de segurança, um local público e prefiro a impessoalidade de um centro comercial e as suas múltiplas possibilidades de evasão. Gosto de sexo, mas raramente tenho paciência para relações e hoje, ao espaço de um clique, é só escolher um parceiro dentro dos nossos parâmetros de atracção física.
Necessito sempre de um ponto de fuga e quanto mais melhor. Nunca conto a minha verdadeira história, apenas partes, muito poucas. Não quero realmente conhecer ninguém, quero apenas alguns encontros saciantes que me aliviem o desejo.

1.12.10

O aprendiz de feiticeiro

Numa geração marcada cinematograficamente por feiticeiros, vampiros, dragões e outras figuras míticas, a Disney resolveu recriar um dos seus clássicos de animação homónimo, do qual todos conhecemos a dança de Mickey e as suas vassouras, que não podia ficar desta adaptação. Na versão de 2010, os personagens são de carne e osso e interpretadas por Nicholas Cage, numa das suas melhores personagens dos últimos tempos, e Jay Baruchel, o guy next door dos próximos anos.